A boa notícia do dia diz respeito à liberdade concedida pelos Estados Unidos ao jornalista Julian Assange, mantido em cárcere pelo Reino Unido, na prisão de segurança máxima de Belmarsh, durante cinco anos sob a ameaça de extradição para os Estados Unidos, onde poderia ser julgado e condenado à prisão perpétua pela acusação de ter divulgado documentos considerados ultrassecretos pela CIA.
Desde o começo, o Caso Assange serviu para desmascarar um montão de ilegalidades e ilegitimidades que têm os Estados Unidos como ponto central.
Para começar, o Caso Assange – que decorreu da divulgação pelo site WikiLeaks de documentos sobre a presença da rede de espiões mantida pela CIA em todo o mundo e [sobre] as operações por eles realizadas – deixou claro o lamaçal e mar de sangue da política externa dos Estados Unidos, baseada em fustigar guerras, encomendar assassinatos e toda a sorte de pecados.
Depois, o Caso Assange desnudou o caráter submisso de alguns países, notadamente o Equador (que, depois do golpe contra o coronel Rafael Correa, expulsou Julian Assange da sua embaixada em Londres, onde [ele] teve guarida por longo período), a Suécia (que apresentou uma denúncia falsa contra Assange para justificar sua prisão em Londres) e o Reino Unido (que, sob acusações frágeis, o encarcerou por cinco anos à espera da ordem de extradição para os Estados Unidos).
E, finalmente, ao violar flagrantemente o direito de informar (peça básica da Livre Imprensa), o Caso Assange desmoralizou o modelo de Democracia praticado pelos Estados Unidos.
A soltura de Julian Assange, que vem no curso de uma intensa campanha internacional pela sua libertação, não ocorreu a troco de nada, nem apenas por isso [pela campanha], mas por um conjunto de pressões internacionais, feitas inclusive pelo presidente Lula. De fato, optando pela solução de menor custo político, acuado por toda a parte, o governo norte-americano propôs que, em troca da liberdade na Austrália, Julian Assange se declarasse culpado da acusações feitas por Washington, recebendo uma pena de 60 meses de prisão ( já cumprida integralmente na Inglaterra). Foi o que foi feito.
Assange assinou a papelada, Tio Sam se sentiu respeitado, as autoridades britânicas se deram por satisfeitas e o liberaram.
Embora tenha embarcado imediatamente, antes de seguir para a Austrália, Julian Assange comparecerá a um tribunal das Ilhas Marianas do Norte (um território norte-americano no Pacífico) para cumprir formalidades.
Julian Assange está livre, mas, nem por isso, os Estados Unidos deixaram de ser um país-bandido e estruturado sobre uma base de ilegalidades, ilegitimidades e imoralidades manchadas de sangue.
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