ESTADOS UNIDOS DECIDEM A PARADA
Pronto! Tio Sam resolveu.
O presidente eleito da Venezuela não é o mais votado – Nicolás Maduro, que teve 53,66% dos votos válidos – e sim Edmundo Gonzalez, que teve apenas 46,33% dos votos válidos.
De fato, com a autoridade de quem se julga Sherif dos todos os povos e de todas as terras do mundo, os Estados Unidos evocam a condição auto-proclamada de ‘autoridade mundial de certificação da Democracia’ para definir quem é e quem não é democrático e, dando mais um passo nas atribuições que imagina ter, definir quem vence e quem perde as eleições.
Segundo a apreciação da Casa Branca, ditador não é Volodimir Zelenski (que suspendeu a realização de quaisquer eleições na Ucrânia para se eternizar na presidência do país) ou Salman bin Abdulaziz Al Saud (que governa a Arábia Saudita com mão de ferro pesada e cruel), [segundo a apreciação da Casa Branca] ditador é Nicolas Marduro (que todo ano faz eleição, mas não deixa os Estados Unidos mandarem no petróleo do país).
Pode parecer (e é) piada, mas – apesar (e talvez por isso mesmo) dos sistemáticos casos de ‘vitória’ de candidatos menos votados (foi assim com George W. Bush, que teve menos votos do que Al Gore, foi assim com o próprio Donald Trump, que teve três milhões de votos a menos do que Hillary Clinton, e tantos outros) – os Estados Unidos não veem qualquer dificuldade em reconhecer a ‘vitória’ de Edmund Gonzalez, que teve quase 1 milhão de votos a menos do que Nicolas Maduro.
Vale dizer que, até fazer a proclamação sobre Edmundo Gonzalez, os Estados Unidos azeitaram a opinião pública em operação similar àquela preparatória da invasão do Iraque, espalhando boatos sobre ‘a presença de mercenários russos e cubanos a serviço da ditadura de Nicolás Maduro’ e distribuindo nota afirmando que ‘há provas irrefutáveis sobre a vitória da oposição na Venezuela’.
Se der certo, a jogada de Washington poderá ser replicada em outros lugares do Planeta e os Estados Unidos poderão nomear os presidentes da Rússia, da China, do Brasil, do Iran, de Cuba e de quem mais Tio Sam quiser.
Parece, no entanto, que os venezuelanos não estão satisfeitos com a decisão norte-americana.
Aliás, disposto a desmontar a farsa construída pela Casa Branca, exercendo atribuições de presidente do Partido Socialista Unido da Venezuela, Nicolas Maduro solicitou ao Conselho Nacional Eleitoral a recontagem dos votos – uma providência capaz de dirimir todas as dúvidas e deixar aos Estados Unidos apenas a alternativa de reconhecer Edmundo Gonzalez como presidente auto-proclamado como fez com Juan Guaidó.
Talvez a superação da palhaçada empinada pela Casa Branca possa ser acelerada se o Brasil e a China reconhecerem prontamente a vitória de Nicolas Maduro.
De qualquer forma, se eu fosse Maduro, não esperaria as eleições nos Estados Unidos e, desde já, reconheceria Bernie Sanders como legítimo presidente dos Estados Unidos.
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