A máfia responsável pelos crimes ambientais dos quais decorreram a tragédia climática no Rio Grande do Sul atua por todo o País. Variam os mafiosos, mas a natureza criminosa e o modus operandi da sua atividade são as mesmas.
Por estes dias, por exemplo, o braço paraibano máfia ambiental está decidido a aterrar a laguna localizada no bairro Aeroclube, no Parque Parahyba 3, em João Pessoa (PB), e extinguir toda fauna e flora da região.
Com efeito, sob o biombo legal de que ‘a laguna não foi incorporada ao projeto Parque da Cidade’ (e não o foi, diga-se de passagem, em função de muita propina), completamente despreocupada com a devastação na região, o braço paraibano da máfia ambiental quer soterrar a vida na laguna Aeroclube, assassinando todos animais e plantas que a tem como lugar seguro para reprodução, refúgio, moradia e alimentação.
Nunca é demais lembrar que os grandes crimes ambientais só são possíveis em função do conluio dos poderes executivo e legislativo com os grupos criminosos.
Aliás, só depois de 2019, graças a leniência e cumplicidade criminosa da Câmara Municipal de João Pessoa, a laguna-alvo dos mafiosos ambientais paraibanos deixou de ser considerada zona especial de proteção e passou a ser considerada área residencial.
Estranhamente, ao invés de se preocupar com o meio ambiente, alegando que a área é privada e tem a classificação de ‘zoneamento não protegido’, a Secretaria municipal de Meio Ambiente lava as mãos e, reproduzindo o discurso dos criminosos ambientais, diz que a laguna “não está contemplada no projeto do Parque da Cidade e sua responsabilidade limita-se às área inseridas na poligonal do Parque”.
Pelo visto, provavelmente dando prioridade e exclusividade às preocupações com o sucesso e prosperidade das empresas imobiliárias, as autoridades municipais de João Pessoa fingem não saber que a laguna do Aeroclube é a última de um sistema [de lagunas] que existia na área e abriga grande biodiversidade, incluindo aves, répteis, peixes, anfíbios, mamíferos pequenos, como preás, timbus e até raposas e, ainda, que sua supressão vai desequilibrar um sistema de drenagem e provocar muitas inundações na cidade.
Sem querer ver o exemplo gaúcho, a máfia paraibana pensa apenas em ganhar dinheiro.
De qualquer forma, consciente de que o código florestal entende (ou deve entender) a laguna como uma Área de Preservação Permanente [APP] e contando com o apoio de muitas entidades e personalidades – Movimento Esgotei, Greenpeace JP, Núcleo de Justiça Animal da Universidade Federal da Paraíba (UFB), Missão Patinhas, Comissão de Direito Animal da Organização dos Advogados do Brasil (OAB), Movimento Brasil Popular, sindicatos, Canal Arte Agora -, a comunidade vai lutar até as últimas consequências para que a prefeitura mude o zoneamento da cidade incorpore a laguna ao Parque da Cidade – um providência simples, que pode salvar a laguna do Aeroclube e excluir a gestão municipal do rol dos criminosos ambientais desinteressados na qualidade de vida oferecida por João Pessoa.
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br