Finalmente, depois de muito jogo de cena, o presidente Jair Bolsonaro decidiu anunciar que seu companheiro de chapa na tentativa de recondução ao Palácio do Planalto será o general Walter Braga Netto, que foi chefe da casa civil e ministro da Defesa do seu governo.
Mas, quem é esse general que aceita ser vice daquele que, no dizer do ex-presidente general Ernesto Geisel, conforme disse em entrevista concedida em 1993, ‘era mau militar, um bunda-suja que pedia a volta da ditadura’? Braga Netto é muita coisa (boa e má, conforme o ponto de vista), mas, sobretudo, é um carreirista frouxo.
A biografia de Braga Netto é marcada pela ascensão ao generalato em novembro de 2009, quando foi promovido pelo presidente Lula ao posto de general de brigada e, prestigiado pela ‘esquerda’, passou uma temporada em Washington como adido militar do exército junto à Embaixada do Brasil nos Estados Unidos. Quando voltou, sempre prestigiado pelos governo ‘da esquerda, Braga Netto foi promovido pela presidente Dilma Rousseff ao posto de general de divisão, quando teve a chance de coordenar a assessoria especial dos Jogos Olímpicos. Foi com Dilma Rousseff que, já no finalzinho do seu governo, Braga Netto chegou ao último posto do Exército brasileiro, recebendo a quarta estrela em julho de 2016.
Aí veio o golpe e Braga Netto, já na condição de general de exército, como se não tivesse crescido na carreira graças às escolhas de Lula e Dilma, parece ter revelado um outro lado. Em fevereiro de 2018, foi nomeado interventor federal na Secretaria de Segurança do Rio de Janeiro, com status de governador, pelo usurpador Michel Temer. Embora a intervenção tenha se revelado um fracasso, pois, no período, houve aumento da violência e do número de mortes por ação policial, Braga Netto continuou a subir.
No governo Bolsonaro, sem deixar a tropa, Braga Netto foi ministro chefe da casa civil e, depois, num caso apropriado a uma biruta esperta, assumiu o ministério da Defesa, onde protagonizou situações antagônicas àquelas esperadas de um general.
Vale dizer que, nos primeiros meses de 2020, ainda na casa civil, ao propor o plano Pro-Brasil (que contrariava a ortodoxia liberal do ministério da Economia e contemplava investimentos de cerca de R$ 1 Trilhão nos próximos 10 anos), Braga Netto apareceu como uma pequena esperança na escuridão vigente no Planalto.
Foi aí que Braga Netto perdeu-se, mostrando que não tem a coragem esperada dos generais. Imagine que, na reunião interministerial convocada para apresentação do Plano [Pró-Brasil] (exatamente aquela ocorrida em 22 de abril de 2020, quando o mundo viu o show de horrores do governo Bolsonaro), bastou Paulo Guedes bater o pé para o general botar o rabo entre as pernas e sequer falar no assunto. Um general sem coragem para enfrentar um simples Paulo Guedes não merece as ramas de café que lhe adornam as ombreiras.
Talvez esta falta de coragem seja a explicação do seu envolvimento na apatia criminosa do Centro de Coordenação das Operações do Comitê de Crise da Covid-19 e que lhe valeu o indiciamento pela CPI do Genocídio.
Este é o general que aceitou a condição de vice na chapa liderada por um Bunda-suja.