Infelizmente são poucos os casos nos quais a paz tenha sido alcançada pela fartura (dizem que só no Céu é assim).
Normalmente, a ausência de beligerância decorre da supremacia absoluta de um dos lados – que impõe a ‘paz das armas’ aos demais, alcançando uma situação também chamada ‘paz dos cemitérios’. Por isso, as ações de ‘pacificação’ consistem em ocupações militares que sufocam e esmagam quaisquer resistências.
Foi nesta perspectiva que, em 24 de outubro de 1945, coroando as conferências de ‘paz’ realizadas no final da II Guerra Mundial, refletindo, naturalmente, os pensamentos e os interesse dos países vencedores, a Organização das Nações Unidas (ONU) foi criada na cidade de São Francisco, nos Estados Unidos.
É desnecessário dizer que os países perdedores da guerra não fizeram parte destes acordos. Este ponto impulsiona questão sobre ‘contra quem’ as Nações estão Unidas.
No fundo, este vício de origem, especialmente se consideradas as modificações econômicas e geopolíticas vividas pelo planeta desde 1945, questiona a atual pertinência da ONU.
Vale lembrar também que a simples localização da sede da ONU em território norte-americano suscita questionamentos – nunca é demais lembrar o episódio no qual, alegando a inexistência de visto diplomático, os EUA impediram o ingresso do presidente Mahmoud Ahmadinejad no seu território, inviabilizando a participação da delegação do Irã na Assembleia Geral da ONU.
Semelhantes a estes, outros casos envolvendo autoridades do Iraque, de Cuba, da Venezuela e de países considerados ‘inimigos’ dos EUA comprovam a falência do modelo ‘nações unidas’.
Entre as diversas inconsistências do modelo ONU, está o Conselho de Segurança, que, na prática, é o órgão máximo da ONU, sendo composto por 15 países, dos quais cinco – China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos – são membros permanentes e têm direito de veto. Ou seja, pouco importa o que esteja ocorrendo, pois China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos dão a palavra final sobre as resoluções.
Como não aceitam a falência do modelo ONU, os países enfrentam situações estapafúrdias.
Agora, por exemplo, neste 01 de abril de 2023, apesar de o Tribunal Penal Internacional (TPI) ter decretado a prisão do presidente Vladimir Putin há duas semanas, nos termos das regras em vigor, a Rússia assumiu a presidência do Conselho de Segurança.
Coisa semelhante ocorre com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que foi criada para defender a Europa do norte de eventuais ameaças representadas pela URSS, que foi extinta em 1991 (e, como sequer existe, já não ameaça ninguém).
Talvez seja hora de os países reconhecerem a necessidade de rever as crenças diplomáticas baseada no resultado de guerras ocorridas há quase 80 anos, pois, de lá para cá, o mundo mudou muito.
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