Ultrapassada a eleição, Lula ingressou na fase que muitos chamam de terceiro turno – o período dedicado à confirmar a garantia de posse, montar o governo e conquistar a governabilidade. É um período difícil, pois cobra talento, paciência e a capacidade de ‘engolir-sapos’ do eleito.
Ao que parece, a julgar pela alegria como os principais líderes mundiais saudaram o resultado eleitoral no Brasil, pela firmeza como o TSE vem tratando a questão, pela resignação demonstrada pelo ministro da Defesa e pelo isolamento ao qual Jair Bolsonaro se recolheu, a questão da posse em 1º de janeiro de 2023 está resolvida.
Restam, agora, a composição da equipe de governo e a conquista da governabilidade – aspectos que, eventualmente se confundem, pois, para garantir apoio parlamentar, o presidente terá de oferecer participação no governo a partidos que não estiveram com ele na campanha eleitoral. Nesta perspectiva, a composição do governo ganha uma importância crucial para a administração, especialmente por conta do desejo de participar (ocupando cargos e/ou oferecendo ideias) manifestado pelos principais seguimentos em atuação no País (bancos, indústria, comércio, sindicatos, igrejas, conselhos profissionais, etc, que têm reclamos, propostas e sugestões).
Evidentemente, se o presidente eleito atender a todos, administrará uma massa disforme e sem objetivo definido.
Como tratar esta situação sem comprometer o cumprimento da plataforma eleitoral? Uma saída é preservar as posições estratégicas, o núcleo duro que vai soprar e dar rumo à administração, mantendo-as fora das negociações. No elenco das áreas estratégicas, além do entorno do presidente, saltam aos olhos a diplomacia, as forças armadas, a economia, a educação, o Banco do Brasil, a Caixa Econômica, o BNDES, o Banco do Nordeste e a Petrobrás (se não tivesse sido privatizada, a Eletrobrás também entraria na relação).
A Petrobrás, por exemplo, não pode ser encarada como ‘moeda de troca para a governabilidade’, pois precisa voltar à condição de grande motor da economia brasileira e, por isso, precisa ser conduzida por alguém que, não só entenda do setor de petróleo e gás, mas, também, esteja afinado com o sentimento de que a companhia pode impulsionar o desenvolvimento do Pais.
Alguém como o geólogo Guilherme Estrella, ex-diretor de Exploração e Produção da Petrobras entre os anos de 2003 e 2012 e considerado o ‘Pai do Pré-Sal’. De fato, por tudo o que representa e pelo conhecimento que acumulou ao longo dos muitos anos de militância no setor, o geólogo Guilherme Estrella seria uma excelente escolha do governo Lula para presidir a Petrobrás, inclusive por mandar as mensagens certas para todos os interessados.