A cada dia que passa, Lula dá novos indicadores de que, com a soma da sua sensibilidade política com a experiência e relacionamentos pessoais acumulados ao longo dos tempos, fará o melhor governo já visto no Brasil.
Para isto, no entanto, precisará exercitar a inteligência, sabedoria e a paciência necessárias para não só conviver e, quando for o caso, controlar discrepâncias no time amplo que está montando para o governo, mas, também, para conviver com os inevitáveis focos de resistência aos avanços sociais.
Ontem, por exemplo, ao tempo que, falando para a equipe de transição no Centro Cultural Banco do Brasil, de forma enfática, Lula renovava o seu compromisso com o combate à miséria e a fome, grupos golpistas continuavam acampados diante de quartéis clamando por uma intervenção militar e operadores do mercado financeiro manifestavam ‘preocupação com o equilíbrio financeiro das contas públicas’.
Embora atrapalhem igualmente, estes focos de resistência seguem motivações diferentes.
A motivação dos golpistas, por exemplo, extrapola o ‘Jus esperneandi’ (direito de espernear) reservado aos derrotados e que, normalmente, se desfaz junto com a decepção) e se insere no âmbito da manipulação ideológica do lumpen de direita – um pessoal animado pelo complexo de Estocolmo (amor pelo próprio verdugo) e pelo complexo de Nova York (sentir-se no lugar dos vitoriosos ou, como as pessoas preferem dizer, gozar-com-o-pau-do-outro) – controlado por modernas técnicas de condicionamento social, com destaque para as campanhas de fakenews.
A motivação do ‘mercado financeiro’, por sua vez, é baseada no mais puro egoísmo aditivado com elevadas doses de irresponsabilidade e preconceito social e induz um comportamento antípoda àquele necessário para a redução dos desníveis econômicos.
De qualquer forma, quaisquer que sejam as motivações dos focos de resistência ao governo, se quiser cumprir o compromisso de eliminar a fome e a miséria no Brasil, Lula precisará juntar forças políticas capazes de conter os golpistas e os egoistas em limites inofensivos.