Seria muito se, dando o exemplo concreto de que ‘o crime não compensa’, o governo Lula encontrasse a solução jurídica e dispusesse da capacidade política para anular e reverter todos os atos tomados em decorrência do golpe de 2016 – especialmente as ‘reformas’ e as privatizações realizadas pelo usurpador Michel Temer – e, ainda, aqueles realizados de forma ilegal ou ilegítima pelo governo Bolsonaro – especialmente as privatizações subfaturadas ocorridas no âmbito do programa de desestatização levado adiante pelo ministro Paulo Guedes.
Embora importante, a anulação destes atos não seria suficiente para fazer valer a mensagem (‘o crime não compensa’), pois ainda seria necessário punir com rigor a todos responsáveis pelo golpe e pelos crimes cometidos na sua esteira.
Naturalmente, para ser completo, o saneamento da história precisa alcançar as fases preparatórias do golpe, concentrando atenção, não só nos condutores da chamada Operação LavaJato – com destaque para o ex-juíz Sérgio Moro, para o ex-procurador Deltan Dallagnol, demais procuradores e delegados -, mas, também, na lambança jurídica e policial que impôs um vale-tudo contra tudo e todos que tiveram alguma relação com os governos Lula e Dilma Rousseff, provocando, inclusive, mortes, como a de Dona Marisa (de responsabilidade difusa) – que não resistiu às pressões indevidas e acusações injustas e faleceu pela explosão de um aneurisma – e do ex-reitor da UFSC Luiz Carlos Cancellier, que não resistiu às humilhações a ele aplicadas pela Polícia Federal – em 14 de setembro de 2017, sem qualquer culpa, foi arrestado, algemado, acorrentado, despido, submetido à revista íntima e ficado preso nu em cela de segurança máxima por 30 horas, por ordem da juíza federal Janaína Cassol Machado, na Operação Ouvidos Moucos conduzida pela delegada Érika Mialik Marena, ex-coordenadora da Operação LavaJato, apresentado à mídia como um ‘símbolo de corrupção’ -, cometeu suicídio, jogando-se do quinto andar do Beira-mar Shopping de Florianópolis – e tentativas de suicídio como a do ex-assessor do ministério da fazenda Branislav Kontic e do almirante e ex-presidente da Eletronuclear Othon Silva – que, cumprindo o plano de desmonte do programa nuclear brasileiro, foi condenado por Sérgio Moro a 43 anos de prisão.
Estes crimes não podem ficar impunes.
O novo governo precisa se esforçar para provar que o crime não compensa.