Estamos a dois dias das eleições brasileiras. Todos os institutos de pesquisa apontam a provável vitória de Lula sem a necessidade de um segundo turno e isto vem provocando um turbilhão de reações nas hostes bolsonaristas – desde a intensificação do esquema de fakenews para manter a animação da militância com vistas à eleição de uma robusta bancada conservadora e reacionária, passando pelo recrudescimento da movimentação dos espertalhões do programa nacional de desestatização, que partem para ‘raspar o fundo do tacho’, até os insistentes arroubos golpistas por parte dos mais radicais.
O desespero bolsonarista é grande, valendo tudo, inclusive a invenção de um tal ‘Padre Kelmon’ para fazer parte do serviço sujo nos debates eleitorais.
Para manter o entusiasmo do gado, a turma do Capetão descobriu duas agências (uma tal ‘Paraná’ e outra referida como ‘Brasmarket’), que, em troca de tostões generosos, produzem pesquisas eleitorais com os resultados desejados pelo cliente (numa destas pesquisas, a Brasmarket atribuiu inimagináveis 62% de intenções de voto para Bolsonaro).
Enquanto isso, acelerando a rapina, em lance jamais sequer cogitado na longa história da corrupção no País, Paulo Guedes anunciou (pasme!) o desejo de privatizar as praias brasileiras neste finalzinho de governo.
Mas, diante daquilo que a turma do Capetão é capaz de fazer, tudo isto é ‘pinto’. Imagine que ontem – horas depois de o presidente do Partido Liberal (PL) Valdemar Costa Neto, em visita-inspeção de autoridades (inclusive o ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira) à central de apurações do TSE, desdizer Jair Bolsonaro, reconhecendo que “não há ‘sala secreta no Tribunal Superior Eleitoral” -, denunciando a existência de algum plano em andamento, o vice-presidente do PL (um certo Capitão Augusto, colocado no cargo por Jair Bolsonaro, por ocasião da sua filiação [filiação de Bolsonaro] no partido) distribuiu nota à imprensa, afirmando “haver uma série de falhas no TSE que podem afetar o resultado das eleições”.
A reação ao gesto nitidamente golpista foi imediata: O Tribunal Superior Eleitoral distribuiu nota dizendo que a nota veiculada pelo pau-mandado de Bolsonaro buscava “tumultuar o processo eleitoral’ e atentava “contra o Estado Democrático de Direito”, adicionando-a ao inquérito que investiga as fakenews.
De sua parte, de forma surpreendentemente ágil, acolhendo proposta apresentada pelo senador-presidente do Subcomitê de Relações Exteriores do Congresso para o Hemisfério Ocidental Tim Kaine e subscrita pelo senador Bernie Sanders, por unanimidade, o Senado dos Estados Unidos aprovou resolução sobre o pleito eleitoral no Brasil, instando-o a ser ‘conduzido de maneira livre, justa, crível, transparente e pacífica’ e, ameaçando ‘rever a relação norte-americana diante de qualquer governo que alcance o poder de maneira antidemocrática, incluindo um golpe militar’, recomenda o governo dos EUA a ‘reconhecer imediatamente o resultado das urnas no Brasil’.
Pelo visto, ainda há muita pedra no caminho da Democracia brasileira e, até a posse de Lula, muita coisa pode acontecer.
Todo cuidado é pouco.
A turma do Capetão é perigosa.