Não canso de dizer que, entre os maiores pecados, se destaca o egoísmo – o atributo básico daqueles que veem apenas os seus próprios interesses e querem o máximo (se possível, tudo) para si.
Cabe ao egoísmo e aos egoístas a culpa pela maioria das mazelas que atormentam a humanidade, pois, como não desejam apenas satisfazer suas necessidades, ao querer tudo (e muito mais), [os egoístas] não se importam com os outros e costumam jogá-los em dificuldades.
Este é o pano-de-fundo do liberalismo e da maior parte dos gestos que animam as direitas no Brasil (e no mundo).
É nesta onda que se enquadra a recém instalada CPI do MST.
De fato, inconformado com a matiz política solidária que orienta a Organização e, quem sabe, querendo ocupar todos os espaços da produção agrícola no País, o pessoal do agronegócio recrudesceu sua guerra contra o MST e orientou a bancada ruralista (também chamada ‘bancada do boi’) a convocar uma Comissão Parlamentar de Inquérito com propósito de criminaliza-lo.
Vale dizer que o grande ‘mal’ do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra é lutar por uma política agrícola capaz de proporcionar dignidade, trabalho e renda para a população campesina. Aliás, atravessando um estágio avançado de organização, nos dias correntes, o MST lidera os esforços da agricultura familiar no Brasil, sendo o maior produtor de arroz orgânico da América Latina.
Chama atenção o número de bandidos à frente da CPI, a começar pelo deputado-relator Ricardo Salles – um meliante que, em junho de 2021, no curso da ‘operação deixar-a-boiada-passar’, envolvido com gangues atuantes na Amazônia, deixou o ministério do Meio Ambiente às pressas para escapar da prisão pelos crimes de organização criminosa, advocacia administrativa e obstrução de fiscalização denunciado na Câmara dos Deputados pelo ex-superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Alexandre Saraiva.
Na realidade, a direita ruralista quer usar a CPI com outros fins, pois, a medida que desvia a atenção da sociedade dos seus próprios crimes – crimes ambientais, assassinato de índios, trabalho escravo, apropriação de terras pela invasão e grilagem, etc., etc., etc. – reacende narrativas ideológicas que associam o MST ao ‘comunismo’, minando tanto o seu trabalho como o do governo Lula.
Esta CPI não tem bons propósitos e é liderada por gente que não se importa com a fome das pessoas e com o bem-estar social.
Não é algo que mereça a atenção e o respeito da sociedade.
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