A atual desavença entre os oligarcas Donald Trump e ElonMusk tem muitos significados e tem servido para elucidar muitas das contradições que marcam o capitalismo liberal, do qual os Estados Unidos são a melhor expressão.
Além de representar a pontinha do grande iceberg do descontentamento dos bilionários que estão perdendo rios de dinheiro em função do caráter errático da política econômica de Donald Trump (e que, mais cedo ou mais tarde, vai provocar sua expulsão da Casa Branca), esta briga já revelou a hipocrisia de muitas teses liberais, inclusive a defesa intransigente que faz do Estado Mínimo (semana passada, sem qualquer subterfúgio, Trump creditou a fortuna de ElonMusk às fabulosas encomendas governamentais recebidas por suas empresas) e, agora, desmoralizando a ‘democracia’ norte-americana baseada no funcionamento objetivo de apenas dois partidos (os quais, diga-se de passagem, se estruturam na mais escancarada plutocracia).
De fato, ontem, o oligarca sul-africano ElonMusk sugeriu a criação de um partido – o ‘Partido da América’ – para contrapor a hegemonia exercida desde sempre pelo Partido Republicano e pelo Partido Democrata.
Com efeito, ontem (em mensagem distribuída junto com as comemorações do ‘Dia da Independência’), o bilionário de extrema-direita ElonMusk se referiu ao dia como o ‘momento perfeito para a população norte-americana se perguntar se quer independência do sistema de dois partidos’.
Sobre esta sugestão, vale dizer que, ao contrário daquilo dito por ElonMusk, a criação de um Partido da América não quebraria o bipartidarismo existe nos Estados Unidos (ao qual se reduz o ‘pluripartidarismo’ lá existente e que, segundo ElonMusk, funciona com um ‘sistema unipartidário’).
Por outro lado, nunca seria demais questionar a criação nos Estados Unidos de um ‘Partido da América’ por um cidadão sul-africano bilionário e marcado pela ojeriza aos imigrantes lá residentes. Uma hipocrisia a mais!
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