Embora esbravejem contra a presença do Estado na economia, os grandes capitalistas liberais costumam festejar a participação estatal em seu próprio favor [em proveito do capitalista liberal].
Aliás, o crescimento de todas, rigorosamente todas, as grandes empresas capitalistas – Ford, Chevrolet, General Eletric, Rolls Royce, Fiat, SpaceX, Volkswagen, Mitsubishi, Toyota, Airbus, Boeing, Exxon, etc. – se deveu às encomendas e proteção estatal dos seus respectivos países de origem.
Ou seja: a sanha desestatizante dos liberais se aplica apenas àquilo que não contribui para seus próprios interesses.
Nos dias correntes, este tema tem mostra eloquente na forma desesperada como a empresa tailandesa Changi recorre ao governo brasileiro para salvar seus negócios no consórcio RioGaleão – arrumadinho empresarial criado em 2014 para assumir e administrar o aeroporto internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro, por 25 anos.
Na época, a privatização do Galeão, o segundo maior aeroporto do Brasil, foi muito festejado pelos liberais e os tailandeses (e, claro, seus sócios ocultos) esperavam ganhar muito dinheiro.
Mas, as coisas não aconteceram com esperado pelas lobas capitalistas.
Com a debacle e consequente saída da Odebrecht do consórcio RioGaleão, os negócios deram para trás.
No ano passado (apenas oito anos após a privatização), sem conseguir concorrer com o aeroporto estatal Santos Dumont e auferindo taxas de retorno inferiores àquelas desejadas, os tailandeses manifestaram interesse de abandonar a administração do Galeão.
Começou, então, uma significativa correria dos liberais para forçar o Estado a intervir no processo de modo a gerar benefícios capazes de repor o lucro esperado pela empresa privada.
A solução proposta (e já acatada pelo governo federa) é forçar a redução do movimento do aeroporto estatal Santos Dumont para, consequentemente, elevar o patamar de negócios do aeroporto privado Galeão.
E, assim, graças à intervenção do Estado, o aeroporto do Galeão poderá continuar a ser privado e os capitalistas liberais poderão continuar a ganhar o dinheiro que desejam.
Na cabeça egoista dos liberais, o Estado só não pode intervir na economia se o objetivo for a geração de bem-estar para a população, especialmente para a banda mais pobre.
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