Um antigo (e pouco observado) princípio da justiça social recomenda: aqueles que têm menos devem contribuir com menos e, em contrapartida, aqueles que têm mais devem contribuir com mais.
Simples assim.
Naturalmente, por razões de puro egoísmo, sem dispensar qualquer dos seus eventuais direitos, os mais ricos procuram fugir das responsabilidades sociais que lhes competem e fazem de tudo para deixar as contas com os mais pobres – e, muitas vezes, ajudados pela desinformação e/ou pelo colaboracionismo burro, conseguem fazer isso [fugir das responsabilidades] com o apoio dos pobres, exatamente aqueles que mais precisam.
Por esses dias, o governo Lula enviou ao Congresso um projeto-de-lei que isenta do Imposto de Renda quem ganha até R$ 5 mil mensais e, para compensar, passa a cobrar de quem ganha mais de R$ 600 mil por ano (uma pequena fatia que hoje paga nada ou quase nada) numa escala progressiva começando em 0,1% e, conforme a renda, subindo até 10% (para quem ganha mais de R$ 1,2 milhão por ano).
É a aplicação prática do ‘que têm menos contribui com menos e quem têm mais contribui com mais’.
Além de beneficiar diretamente 10 milhões de brasileiros, como vai estimular o consumo (com o dinheiro que deixa de ser pago ao IR) e, nesta esteira, impulsionar o comércio e a indústria, a isenção daqueles que ganham até R$ 5 mil vai beneficiar toda a economia brasileira.
Mesmo assim (ou justamente por isso), a medida enfrenta grande resistência.
O senador bolsonarista Ciro Nogueira já anunciou que, nos termos da sua parceria com os ricaços da Faria Lima, vai apresentar uma emenda para livrar quem ganha mais de R$ 50 mil do sacrifício.
Sabendo que os parlamentares da direita não terão coragem para votar contra a classe média, Ciro Nogueira vai propor uma fórmula através da qual a compensação seja feita pelo aumento da alíquota de impostos já pagos pelos pobres.
Pode parecer incrível, mas, bem ao estilo coprofágico que marca o seguimento, já há uma campanha masoquista dos pobres bolsonaristas propondo o boicote à proposta do governo.
Não é fácil governar com a oposição dos pobres que recusam benefícios e prefere servir de bucha de canhão para a luta dos ricos.
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