Confesso que não assisti, mas, em meio à torrente de elogios, uma esquete levada adiante num palco no Rio Sena, arrancou críticas virulentas à solenidade de abertura das Olimpíadas em Paris, especialmente da Igreja Católica e, claro, dos evangélicos e da extrema-direita (de todos os credo).
Segundo os críticos, de forma desrespeitosa à figura de Jesus, fora apresentada uma paródia de ‘A Última Ceia’, conforme mostrada por Leonardo Da Vinci, com o desempenho de drag-queens no papel do Cristo e seus discípulos.
Um escândalo!
Aliás, para compensar a reação dos conservadores, a turma do ‘deixa disso’ passou a elogiar a iniciativa, tratando-a como uma ‘mensagem de tolerância’.
Na realidade, não foi nada disso.
Indicando o baixo nível cultural dos críticos mais ácidos, longe de ‘A última ceia’, a esquete exibida na abertura das Olimpíadas, representava um outro quadro famoso – ‘A festa dos deuses’, de Giovanni Bellini, concluído em 1514 por encomenda do Duque de Ferrara, que retrata uma grande farra mitológica em homenagem a Apolo, com muito vinho e mulheres como acontecia nas bacanais (festas em homenagem a Baco, o Deus do vinho e, segundo alguns, da Putaria).
Resumindo: em ‘A festa dos Deuses’ não tem Jesus ou discípulos e, na realidade, os drag-queens representavam figuras mitológicas das farras imaginadas por Giovanni Bellini como presentes nas homenagens aos antigos deuses romanos e gregos.
Naturalmente, no mundo da arte, a palavra final não compete ao artista e, sim àquele que desfruta a sua obra.
Assim, se – por desinformação, ignorância ou outra razão qualquer – ao invés de ‘A festa dos Deuses’, o pessoal da igreja e da extrema-direita viu ‘A última ceia’, vale aquilo visto ou interpretado por estes, os quais, diga-se de passagem, nunca têm olhos para o ‘lado bom’ das coisas. Eu prefiro ver de outra forma. Viva Jesus! Viva Baco! Viva a Arte! Viva a Vida!
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