Há um mundo em movimento, mas ele [e tudo nele contido e acontecido] só é percebido pelos expostos aos acontecimentos.
De fato, do ponto de vista objetivo, o mundo não é aquele que existe concretamente e, sim aquele que as pessoas sentem e conhecem.
Nesta perspectiva, pela modulação e controle do ambiente, é possível a criação de um ‘universo paralelo’.
Este é o tema do filme ‘O show de Truman’ estrelado pelo ator canadense Jim Carrey, cujo enredo se desenvolve numa cidade cenográfica construída para funcionar como o ‘mundo’ do personagem Truman, o qual, depois de longa penitência, descobre a farsa da qual era vítima e que o mundo real não era aquele a ele mostrado e, sim um outro. Pois bem.
Seguindo a orientação do manipulador Steve Banner, usando técnicas de pós verdade, o suporte maciço de fakenews, e a assistência e a cumplicidade de formadores de opinião (contratados ou domesticados), a extrema-direita vem construindo bolhas por todo o Planeta nas quais apresenta o ‘mundo’ por ela desejado (que ela quer mostrar). Nestas bolhas pouco importa a realidade ou a verdade, valendo apenas a vontade e o script escrito pelo manipulador.
Daí a importância dada pelos manipuladores às teses que deturpam o conceito de liberdade de expressão para sufocar a importância da verdade e busca do bem-estar, possibilitando o uso da mentira como instrumento regular de ação política.
No Brasil, depois de cumprir papel destacado na formação dos rebanhos que elegeram expressivas bancadas na Câmara dos Deputados e no Senado e deram 58 milhões de votos a Jair Bolsonaro, mesmo diante do fracasso da tentativa de golpe de Estado em 08/01/2023 e a repressão aos golpistas, as bolhas de irrealidade – que pareciam ter caído na sarjeta da história ou no vale das obsolescências – continuam a existir.
Com efeito, embora muitos ‘Truman’s’ tenham percebido a esparrela na qual estavam e, desiludidos, muitos inocentes-úteis tenham voltado para os armários dos quais tinham saído, uma multidão ainda permanece enquadrada em bolhas de irrealidade e de desinformação, reproduzindo os discursos mais absurdos possíveis.
Nunca é demais lembrar que a existência destas bolhas de desinformação dificultam a realização da Democracia e a busca do bem-estar.