Ninguém vai discutir sobre o poder de Deus – um ser que, para os adeptos da maioria das religiões, é onipresente, onisciente e onipotente.
Nesta perspectiva, o ‘se Deus quiser’ que alguns costumam agregar às promessas anula a força da frase, pois, claro, se Deus quiser, qualquer coisa acontece, tendo sido ou não prometida.
Algo parecido ocorre por ocasião da realização de um desejo, quando muitos comemoram com um ‘Graças à Deus’ – força de expressão que, se não aplicada aos milagres (acontecimento inexplicável aos olhos da ciência), no fundo reduz a importância de Deus, pois o responsabiliza diretamente pela não realização de todos os benefícios e, também, por todos os males que acontecem.
Assim, por este modo de pensar, indevidamente as pessoas poderiam também culpar Deus pelas coisas que a atormentaram ou pelos benefícios não alcançados.
Deixemos Deus em Paz.
Não é sem razão o Mandamento que considera pecado ‘evocar o Seu nome em vão’, do qual decorre o ‘Dai a César o que é de César e [dai] a Deus o que é de Deus’ ensinado por Jesus.
Assim, do ponto de vista objetivo, quando um homem enfeita seu velho Chevette com o adesivo ‘Foi Deus que me deu’, na realidade, ele está O acusando de ser injusto (por também não ter proporcionado a fubica para as outras pessoas), [está] admitindo ter poucos méritos (suficiente apenas para ganhar um calhambeque ultrapassado) ou, pior, proclamando a hipo-capacidade divina de dar-lhe um carro melhor.
Este tipo de comportamento ofensivo a Deus é muito comum entre os evangélicos, os quais, muitas vezes com objetivos políticos-eleitorais, usam indevidamente o nome de Deus (cometendo e induzindo outros a cometerem pecado) para explicar a conquista de objetivos decorrentes de políticas públicas, desconhecendo a sua existência e minimizando a sua importância [das politicas públicas].
De fato, quando uma pessoa – desconhecendo a importância das políticas econômicas responsáveis pela geração de empregos ou [importância] das políticas sociais responsáveis por avanços – e atribui a Deus o fato de ter conseguido um emprego, ou ser contemplado no ‘Minha Casa, Minha Vida’ ou ser incluído num programa de bolsa de estudos, comete pecado, pois, misturando as coisas Dele com as coisas de César, usa o Seu nome em vão e, pior, Lhe atribui a culpa pela demora em alcançar aqueles objetivos e por tudo aquilo que ainda não alcançou.
Por tudo isto e muito mais, duvide da fé de quem atribuir conquistas materiais ou pessoais à vontade de Deus.
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br