Assim como foi Cuba até o final do governo de Fulgêncio Baptista, a Bolívia também foi uma reles ‘república de bananas’ e seguiu nesta condição até Evo Morales assumir a presidência do país e começar a dar um ‘jeito na casa’.
Então, seguindo uma agenda de institucionalização dos processos democráticos e de crescimento econômico inclusivo, a Bolívia apareceu no mapa dos países sérios.
Acontece que ‘ser um país sério’ significa, entre outras coisas, sair da área de influência direta dos Estados Unidos e, claro, deixar de ser comandado pelos interesses (econômicos e culturais) das elites locais e internacionais.
Na época, ao tempo que Evo Morales trabalhava, o departamento de estado dos Estados Unidos mexia pausinhos para assanhar o espírito golpista e os complexos de vira-latas e de tapete das elites locais.
Exaltado o espírito de ‘república de bananas’ latente nas elites locais, veio o golpe que apeou Evo Morales do Palacio Quemado.
De uma hora para outra, marcados por um ‘caucasianismo paraguaio’ (a começar pela loura oxigenada Jeanine Ãnes, que usurpou a presidência), os golpistas expurgaram o semblante indígena tão comum no governo de Evo Morales e restabeleceram a ‘república de bananas’, condicionando o funcionamento do país aos interesses das elites e dos Estados Unidos.
Mas, este regime durou pouco, pois o Povo voltou ao poder nas eleições gerais de 2020 e elegeu o economista Luis Arce para dar continuidade à obra de Evo Morales, retomando o processo de desbabanização da Bolívia.
Acontece que, impulsionadas pela Casa Branca e bafejadas por lufadas conservadoras sopradas pelas turmas de Trump, Milei e Bolsonaro, as elites bolivianas não se aquietam, teimam em manter o comportamento de sempre e, neste embalo, voltaram à carga.
Com efeito, na 3ª feira, dia 25 de junho de 2024, cumprindo o roteiro golpista de sempre, os comandantes militares extrapolaram os limites das suas atribuições e, a guisa de ultimato ao presidente Luis Arce, anunciaram que não aceitariam uma eventual candidatura presidencial de Evo Morales. A reação do presidente Luis Arce foi imediata e, no dia seguinte, dando um basta à comichão golpista em franco avanço nas forças armadas, demitiu os comandantes golpistas, nomeando novos chefes para as Forças Armadas da Bolívia.
Foi o suficiente para mais uma quartelada, daquelas que caracterizam as ‘Repúblicas de bananas’.
O general Juan José Zúñiga, ex-comandante do Exército, liderou uma tentativa de golpe e, depois de ocupar a Praça Murillo, tentou invadir o Palácio Quemado. O movimento fracassou de pronto.
O general golpista recebeu ordem de prisão do vice-ministro de Governo Jhonny Aguilera e, de sua parte, o Povo se levantou e botou os militares golpistas para correr da Praça Murillo.
De imediato, líderes importantes da região ergueram a voz para condenar a tentativa de golpe na Bolívia, deixando claro o abismo ideológico que separa os democratas e o pessoal da direita.
Do Brasil, por exemplo, contrastando com o discurso proferido por Lula em solidariedade ao povo boliviano e ao presidente Luis Arce, não se ouviu uma palavra de apoio à Democracia da boca de Jair Bolsonaro ou de alguém da sua gangue.
Pelo contrário.
Indicando que o ministro Alexandre de Moraes ainda vai ter muito trabalho, depois de elogiar a iniciativa do golpista Juan José Zúñiga, o deputado bolsonarista Ricardo Salles instou os militares brasileiros a seguirem o seu exemplo.
Neste ponto, talvez como alerta aos desavisados, vale dizer que, na Bolívia, em antevisão do destino que aguarda o general golpista Juan José Zúñiga, atualmente a usurpadora Jeanine Ãnes cumpre uma pena de dez anos de xilindró.
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