Como consequência da sua incompatibilidade com as regras de convívio, os liberais não entendem a máxima segundo a qual ‘a liberdade de um termina quando começa a liberdade do outro’ e, com frequência, confundem o conceito de Liberdade com ‘libertinagem’.
Aliás, vem dessa incompatibilidade [dos liberais com as Leis que estabelecem regras de convívio] a sensação de ‘perseguição’ que os liberais dizem sofrer quando a Justiça lhes tolhe o quinhão de libertinagem que afronta o espaço de Liberdade da coletividade.
Não é sem razão, portanto, que muitos liberais, especialmente os mais extremados, enfrentam problemas com a Justiça e muitos deles estejam condenados a penas variadas.
Um vislumbre sobre a cena política brasileira mostra a ‘devastação’ nos quadros liberais (especialmente da extrema-direita) provocada pela simples aplicação das leis – estão chamuscados com níveis variados de intensidade (alguns presos, alguns inelegíveis, outros investigados e outros, ainda, processados e aguardando sentença) nomes como Jair Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Daniel Silveira, Carla Zambelli, Braga Neto e tantos outros).
Para ‘gente normal’ não há problema em tentar cumprir as regras e, nos casos de desobediência, pagar o preço cobrado pela Lei àqueles que a violam, cumprindo as sentenças a que tenham sido condenados.
Este, no entanto, não é o caso do pessoal da extrema-direita, para quem não há crime em, por exemplo, usar a mentira como instrumento regular de ação política ou, mesmo, tentar alcançar o poder através da abolição violenta do Estado de Direito.
Na realidade, como companheira siamesa do falso sentimento de ‘perseguição’ decorrente da recusa em cumprir Leis e regras está o apreço da extrema-direita pela impunidade.
Vem daí, não só o descontentamento com as penas aplicadas aos envolvidos na recente tentativa de golpe no Brasil, mas, também, as campanhas levadas atualmente [pela extrema-direita] propugnando a desmoralização da lei da Ficha Limpa e a concessão de anistia aos envolvidos da trama golpista (julgados e sentenciados ou não).
Vale registrar que, ao contrário daquilo que pensam os simpatizantes, militantes e dirigentes das causas da extrema-direita, a legislação brasileira é muito tolerante e branda com aqueles que atentam contra a Democracia.
Observe, por exemplo, o caso do terrorista George Washington – que, em ação articulada com a tentativa de golpe em curso, tentou explodir um caminhão-bomba no aeroporto de Brasília na noite de 24 de dezembro de 2022 e, conforme apurou a Polícia Civil do Distrito Federal, mantinha em casa um arsenal de grosso calibre, inclusive explosivos.
Tendo cumprido 16% da pena de 9 anos e 8 meses de prisão a que foi condenado, George Washington obteve a progressão de regime para o semiaberto, com direito a ficar fora da cadeia durante o dia.
É evidente que o curto período por ele passado na cadeia foi insuficiente para convencê-lo a obedecer as leis e, assim como ocorreu com Daniel Silveira, é muito provável que o agora semi-penitenciário George Washington volte a violar as regras de convívio adotas no País, inclusive articulando novas tentativas de golpe contra a Democracia.
A progressão do regime de cumprimento da pena que, nos termos da legislação em vigor, beneficiou o terrorista George Washington é prova que a dosimetria aplicada aos envolvidos na trama golpista não é tão desproporcional como os líderes da extrema-direita querem fazer crer.
Na realidade, infelizmente, a lei brasileira é muito frouxa e não pune aqueles que atentam contra a Democracia com o rigor necessário.
Que os envolvidos na trama golpista sejam condenados a longas penas, inclusive como lição para quem não compreende a importância da Democracia.
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