ONU? Para que serve, mesmo? Como muitos vêm afirmando (inclusive este cronista, que já abordou o tema por diversos ângulos), a cada dia, a realidade mostra que a chamada Organização das Nações Unidas (ONU) perdeu qualquer significado faz tempo, servindo apenas para a realização de convescotes de diplomatas enfatuados e linguajar rebuscado, abrigar entendimentos para grandes negócios e, ainda (e principalmente), dar sustentação formal a interesses geopolíticos, sobretudo dos Estados Unidos.
A inconsistência da ONU começa pelo seu nome: afinal de contas, contra quem é a união proposta pela entidade?
Aliás, a própria localização da sede da ONU diz muita coisa – como todos sabem, a sede da ONU fica em Nova York, forçando a que, de uma forma ou de outra, todos os diplomatas dependam da autorização do Tio Sam para participar das atividades ali realizadas (há o famoso caso do presidente do Irã que não pode participar da sessão de abertura da Assembleia Geral porque enfrentou problemas com a aduana dos Estados Unidos).
Mas, além da desmoralização das decisões da Assembleia Geral (veja, por exemplo, o caso do criminoso embargo promovido pelos Estados Unidos contra a ilha de Cuba desde 1962, que, à despeito de condenado pela Assembleia Geral pela 30ª vez consecutiva, é mantido como se a ONU não existisse), as principais contradições da ONU estão no tal Conselho de Segurança – o órgão que, na prática, controla a ONU e tem suas decisões condicionadas à vontade e interesse dos Estados Unidos, Reino Unido, Rússia, França e China, países com assento permanente e poder de veto sobre as resoluções.
Com efeito, neste caso, a desmoralização é tão grande que, há pouco, embora tivesse o presidente na mira do Tribunal Penal Internacional (na sequência de uma ‘investigação’ super conveniente aos Estados Unidos, o TPI decretou a prisão do presidente Vladimir Putin), a Rússia assumiu a sua presidência rotativa [presidencia do Conselho de Segurança da ONU].
Isto, no entanto, junto daquilo que vem ocorrendo nestes dias de massacre da população palestina na Faixa de Gaza é ‘fichinha’.
Imagine que, apesar da carnificina em curso na Faixa de Gaza, o Conselho de Segurança não consegue sequer aprovar uma simples Resolução (os Estados Unidos vetam todas as Resoluções propostas pelos outros países e, em contraponto, a Rússia veta todas as Resoluções por eles apresentadas).
Na realidade, o episódio mais expressivo da irrelevância da ONU foi protagonizado ontem pelo governo de Benjamim Netanyahu que – em retaliação ao protesto contra o massacre do palestinos pelas Forças de Defesa de Israel na Faixa de Gaza e, na sequência do esclarecimento do ministro das Relações Exteriores Eli Cohen (para quem, “a resposta proporcional ao massacre de 7 de outubro é a destruição total de todos e cada um dos membros do Hamas”) e das patadas do embaixador de Israel na ONU Gilad Erdan (que, não só pediu a renúncia de Antônio Guterres como, também, disse “não há qualquer justificação ou sentido em falar com aqueles que demonstram compaixão pelas mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu”) – simplesmente, declarou a ONU como ‘persona non grata’ e suspendeu a concessão de vistos diplomático a representantes da ONU.
Diante de tudo isto, cresce a dúvida sobre a efetiva utilidade da ONU.
Por outro lado, sabendo que o governo de Benjamim Netanyahu não obedecerá qualquer Resolução da ONU (que não acoberte a truculência e crueldade empregada pelas Forças de Defesa de Israel contra a população palestina indefesa que permanece confinada na Faixa de Gaza) e que os Estados Unidos não moverão uma palha para conter os demônios que estão à frente do Genocídio, resta a esperança da manifestação das forças até agora caladas.
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