Uma técnica de fazer prevalecer ou manter uma ‘coisa ruim’ é mascarar a situação de modo a convencer as pessoas de que ‘mesmo ruim, ela [a situação ruim] é a melhor’, de que ‘todas as alternativas são piores’, de que ‘não há opção’ ou, mesmo, que ‘você pensa que ela [a situação ruim] é ruim, mas, na realidade, é muito boa’.
Em qualquer destes casos, a técnica se baseia na manipulação da informação com o objetivo de induzir as pessoas ao erro e ao engano. Por toda a vida isto vem sendo feito pelo emprego da mentira como instrumento regular de trabalho. E, aí, ganham destaque as Fakenews, as propagandas enganosas, as lavagens cerebrais, as mentiras descaradas, as meias verdades, o pós verdade e toda a sorte de manipulações da palavra e do inconsciente das pessoas e das coletividades.
Este processo vem ocorrendo por todo o canto, em escalas variáveis: desde a mentira contada pelo namorado infiel até as pregações feitas por pastores interessados nos dízimos, passando pela publicidade privada e pelo proselitismo político. Entre os fatos recentes mais expressivos deste fenômeno, estão a criação de desculpas para início ou manutenção de guerras, como a invasão do Iraque pelos EUA e o processo que levou ao conflito do leste europeu, e as campanhas eleitorais (e o próprio governo) de Donald Trump, nos EUA, e de Jair Bolsonaro, no Brasil.
Como algumas ‘coisas ruins’ não se sustentam sem o amparo da mentira, as operações em favor da ‘oficialização’ da mentira estão cada vez mais abertas. Nos dias correntes, emolduradas pelo emprego descarado da mentira na cobertura da guerra no leste europeu e pelo suporte publicitário ao governo desastroso do Jair Bolsonaro, medidas com objetivo de oficializar a mentira são tomadas às claras.
No Brasil, a bancada governista foi orientada a boicotar a tramitação de qualquer iniciativa que pretenda conter o uso e disseminação de Fakenews. Nos EUA, ao tempo que o presidente Joe Biden impôs sanções à mídia russa (para ampliar o caráter unilateral do noticiário da guerra), o governador da Flórida Ron DeSantis foi mais longe e, com o nítido objetivo de instituir a lavagem cerebral em larga escala, sancionou lei exigindo que os alunos do ensino médio recebam aulas sobre as “vítimas dos regimes comunistas, que causam pobreza, fome, migração, violência, morte e censura”.
Do jeito como andam as coisas, em pouco tempo, será muito difícil distinguir entre verdade e mentira.