Muito se tem falado sobre o uso da ‘Palavra’ como instrumento de controle e domínio.
Neste caso, não estamos falando do ‘estelionato linguístico’ – situação criada pelo uso de palavras com significado diverso daqueles aos quais ela [a palavra] designa originalmente com o objetivo de iludir as pessoas. Me refiro ao uso de palavras diferentes para referir-se às mesmas coisas.
Esta situação ganhou um magnífico exemplo nestes últimos dias, quando a conduta sexual inadequada do presidente da Caixa Econômica Federal Pedro Guimarães foi tratada pela mídia como ‘assédio sexual’ e o assédio sexual pelo parlamentar conservador britânico Chris Pincher foi tratado [pelos mesmos veículos de mídia] como ‘conduta sexual inadequada’.
Sem saber a diferença moral ou criminal entre os atos cometidos por Pedro Guimarães e por Chris Pincher, me pergunto sobre o porquê da mídia usar palavras diferentes para designar as mesmas coisas.
O mesmo ocorre com palavras como ‘presidente’ e ‘ditador’ ou ‘milionários’ e ‘oligarcas’, que, a depender das pessoas referidas e dos interesses envolvidos, podem ser usadas com o objetivo de truncar ou direcionar a compreensão dos leitores (ou dos ouvintes).
Especialmente nestes tempos marcados pelo uso da mentira como instrumento regular de trabalho por muita gente, inclusive por autoridades públicas, o relacionamento com a palavra escrita e falada precisa ser cercado de muitos cuidados.