Quando estive em Cuba para lançar o romance ‘O moinho’ na Feira do Livro de Havana, me surpreendi com o número de turistas norte-americanos que, contrariando as restrições impostas pelo Tio Sam, visitavam a Ilha.
É que, ao contrário daquilo que ocorre no mundo da política, da diplomacia e da economia, existem ambientes pouco propícios para a instalação e funcionamento de embargos, pois não é fácil impedir a circulação dos sonhos, idéias, arte e ciência.
Agora, por exemplo, vem a notícia de que, pouco se lixando para a vontade da Casa Branca, o cantor, compositor, produtor musical, designer de moda e ativista norte-americano Kanye West está em Moscou.
Provavelmente, em meio aos rosnados que os desafios costumam despertar nos brutos, os mentores e simpatizantes dos bloqueios e embargos devem estar furiosos com Kanye West, acusando-o de ‘traição’ e de tudo o quê não presta.
Traição nada.
Na realidade, assim como todas as pessoas atentas às coisas do mundo, Kanye West também não vê sentido nas ‘punições’ pensadas por Washington contra seus desafetos políticos.
Aliás, considerando que não aplicou qualquer tipo de sanção ao governo de Benjamin Netanyahu, fica difícil para os Estados Unidos justificarem os embargos aplicados pela Casa Branca (em diversas gradações) à Cuba, Venezuela, Irá, Coreia do Norte, China, Rússia e tantos outros países-alvo da sanha do Tio Sam.
Ora, se não há justificativa razoável para os embargos, por que os ‘simples mortais’ precisam seguir os caprichos do Tio Sam?
No fundo, a preocupação de Washington com a ‘violação do embargo’ cometida por Kanye West se baseia no efeito-demonstração da sua viagem à Moscou, um exemplo que, seguramente, vai ser seguido por muita gente, ajudando a desmoralizar as punições descabidas aplicadas por Washington àqueles que Tio Sam não gosta.
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