Extinção de ministérios, descaso com a moeda nacional, ampliação do portfólio de mercadorias pela inclusão de órgãos humanos nas prateleiras, rompimento de relações com países ‘comunistas’ (entre eles a China, que é o maior parceiro comercial do país, e o Brasil, que é o segundo maior [parceiro]), retirada do BRICS e do Mercosul, prática radical do Estado mínimo e, consequente, entrega das populações pobres ao Deus-dará.
Resumidamente, estas são as linhas gerais da plataforma de Javier Milei, que, contrariando a expetativa sobre o nível de consciência política dos argentinos, aparece na primeira posição das pesquisas de intenção de voto para a presidência da Argentina.
Um espanto!
Não parece razoável que um Povo bem educado como o argentino prefira um desgoverno a um governo.
Vale dizer que, ao contrário daquilo pensado por alguns, os males decorrentes de um desgoverno não são superados pela simples assunção de um governo.
Na realidade, como desfazer os males de um desgoverno é muito difícil – exigindo sólida articulação política e consumindo muito tempo e recursos -, na prática, os governos que sucedem os desgovernos só começam a governar de fato depois de alguns meses (é o caso do governo Lula, que passou os seis primeiros meses da administração, desfazendo parte da herança maldita deixada por Temer e Bolsonaro).
Algumas experiências de desgoverno foram vividas pelo povo iraquiano – que, em 2004, graças ao decreto de extinção do governo de Saddam Houssein emitido pelo governador-geral norte-americano Paul Bremer, de um instante para o outro, ficou sem qualquer governo – e pelo povo brasileiro – que, entre 2016 e 2022, viveu sob o desgoverno dos cupins Michel Temer e Jair Bolsonaro, que se dedicaram ao desmonte do Estado nacional e destruição dos avanços sociais conquistados até então.
Faço votos para que, antes de mergulhar o seu belo país no lodaçal do pleno atraso, o Povo argentino olhe em volta e se inspire no Brasil, que, depois de um longo tempo na lama e no fogo, conseguiu superar a desgraça e retomar o caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento social.
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