Ontem, em ação terrorista planejada, orquestrada e financiada por um grupo ainda não identificado, chegados à Brasília em ônibus especialmente fretados para a ocasião, com o apoio e omissão do governo do Distrito Federal, cerca de 4.000 arruaceiros vestidos com a farda da extrema-direita invadiram a Esplanada dos Ministérios, ocuparam a Praça do Três Poderes e, no coração da república, invadiram, depredaram e saquearam os edifícios que simbolizam o poder máximo do Brasil – o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e a sede do Supremo Tribunal Federal.
Embora não tenha provocado o golpe de Estado desejado, do ponto de vista concreto, a ação terrorista (que vem na sequência da tentativa de explosão de um caminhão-tanque no aeroporto de Brasília no dia 12/12 e da tentativa de invasão da sede da Polícia Federal em 19/12) deixou muitos ensinamentos.
Ficou claro, por exemplo, que a Democracia brasileira é forte o suficiente para resistir às investidas golpistas, por mais violentas que possam ser.
Este foi o sentido da pronta reação
1) do presidente Lula, que interrompeu viagem de apoio às vítimas das chuvas em Araraquara e, antes de retornar a Brasília para visitar os prédios semi-destruídos, decretou intervenção no setor de segurança do Distrito Federal;
2) do ministro Alexandre de Moraes, que, acolhendo pedido da Advocacia Geral da União (AGU) e do senador Randolfe Rodrigues, determinou o afastamento por ‘conivência com os golpistas’ do governador do DF Ibaneis Rocha por 90 dias;
3) do Congresso Nacional, que, acolhendo proposta dos senadores Soraya Thronicke e Renan Calheiros, vai instalar Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o episódio;
4) dos governadores de Estado, que, imediatamente, manifestaram apoio ao presidente Lula. Além das reações internas, a Democracia brasileira recebeu grande apoio externo, com a manifestação de solidariedade da maioria dos grandes líderes mundiais e dos principais órgãos de imprensa do Planeta.
Entre as lições deixadas pelo ataque golpista, ficou claro também 1) o caráter terrorista e o completo desrespeito da extrema-direita pelos valores cultivados pela sociedade brasileira, inclusive pela Democracia e 2) a covardia de Jair Bolsonaro, que, diante do imediato apoio apresentado pelo governo dos EUA ao presidente Lula e da possibilidade de ser escorraçado daquele país, distribuiu nota negando seu envolvimento na tentativa de golpe.
De qualquer forma, além dos quase 400 golpistas presos em flagrante, as autoridades anunciaram a abertura de investigação que podem levar aos mentores e financiadores da ação terrorista.
Como os crimes contra a Democracia estão entre os mais graves possíveis a um criminoso, espero que a Justiça seja a mais dura [igualmente] possível com os envolvidos na tentativa de golpe de 08 de janeiro de 2023.
Viva a Democracia!