Na turma do Bolsonaro, são poucos aqueles que escapam. Com poucas exceções, ‘é tudo bandido’. São assassinos, estelionatários, golpistas, passadores-de-cheques-sem-fundo, milicianos, punguistas, ecocidas.
Ali tem de tudo.
Ontem, quando alguns já imaginavam que passaria um dia sem novas notícias da lama na qual chafurda a turma do Bolsonaro, veio à tona o mega-escândalo em torno do deputado Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN). No começo da manhã, devidamente amparadas por mandatos judiciais, equipes da Polícia Federal realizaram ações de busca e apreensão em endereços a ele associados, tanto no Rio de Janeiro, como na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Na realidade, se dependesse da vontade do delegado federal que preside o inquérito, os policiais teriam aproveitado a viagem para prender o tal Ramagem, pois as provas contra ele são abundantes – imagine que, enquanto diretor-geral da ABIN, Ramagem mandou comprar equipamentos de espionagem para fazer a arapongagem de adversários do governo Bolsonaro, para criar e colocar ‘crimes’ no colo de autoridades julgadas inconvenientes e levantar informações para orientar a defesa de parceiros encalacrados na justiça.
Considerando-se imune aos rigores da lei, a curiosidade criminosa de Ramagem sequer respeitou os ministros Alexandre Moraes e Gilmar Mendes, os quais tentou ligar ao crime organizado.
Aliás, esta inegável ilegalidade não reflete a gravidade do esquema criminoso.
De fato, em nítido indicador de que o esquema montado por Ramagem na ABIN permanece em atividade, o baculejo no gabinete do deputado descobriu um relatório ilegal produzido no ano passado (quando Lula já governava o País).
A situação é tão grave que, ontem, reagindo à ‘onda de solidariedade’ movida pela bancada bolsonarista no Congresso Nacional aos criminosos (que, no fundo, constitui ação de defesa prévia, pois, de um jeito ou de outro, todos são igualmente bandidos), contrariando a discrição como costuma proceder, o Supremo Tribunal Federal distribuiu uma dura nota sobre o assunto, informando que ‘Apurações apontam que deputado federal e policiais federais integraram organização criminosa que utilizava a Abin para fins ilegais’.
Em outras palavras, evitando citar nomes para não configurar antecipação de julgamento, com todas as letras, o STF afirmou que, tendo feito o quê fez, Alexandre Ramagem é criminoso.
Como não sou juiz e, assim, não preciso guardar certos recatos e, sem medo de cometer injustiça, afirmo alto e bom som: ‘é tudo bandido’.
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