As honrarias dignificam os homenageados e são, por eles, dignificadas, numa relação simbiótica em que, se amparando mutuamente, ambos ganham fascínio e vigor. Assim, da mesma forma que o prestígio de uma pessoa pode ser avaliado pelos galardões a ela conferidos, a importância de uma honraria pode ser verificada pelo merecimento daqueles que ela (a honraria) tenha galardoado. Esse fenômeno decorre da velha questão sobre os méritos que alguém deva apresentar para merecer homenagens ou, melhor ainda, sobre quais homenagens devem galardoar os diversos tipos e intensidades de merecimentos.
Ao comentar sobre homenagens (recebidas ou prestadas), Manoel Gomes de Abreu se refere a gradientes de mérito dos homenageados e, noutra visada, da importância dos galardões – expressões cujas densidades devem (segundo ele) guardar relação de causa e efeito. Nesta perspectiva, méritos simples justificam homenagens simples e, sempre guardando correspondência, méritos sofisticados e refinados justificam homenagens elaboradas. Inversamente, homenagens simples se prestam como prêmio de méritos simples e, da mesma forma, homenagens mais robustas melhor se aplicam àqueles cujos méritos são mais densos. Nem sempre, no entanto, a meritocracia respalda a concessão de homenagens e, por razões das mais diversas, galardões importantes vangloriam pequenos méritos e, em contraponto, méritos importantes são reconhecidos por homenagens menores. O eventual desequilíbrio entre as densidades dos méritos e das honrarias faz pender a balança numa das direções, em descompasso, que, diga-se de passagem, tende a se reduzir ao longo do tempo até (um dia) desaparecer completamente. A verdade é que ambos – homenageados e homenagens – nascem ‘pequenos’ e se robustecem com o passar dos tempos – seja pelo fortalecimento dos méritos que justificam as homenagens, seja pelo crescimento do rol dos galardoados.