ISRAEL E A DIPLOMACIA DOS CANHÕES
Os Estadistas sabem que a guerra é um dos instrumentos (talvez o último) da diplomacia.
Esta é a razão de grande número de diplomatas exercerem o comando de ‘ministérios da defesa’, especialmente nos países mais civilizados.
Em Israel parece não ser assim. De fato, por aquilo que o mundo tem visto, talvez pelo apoio incondicional e por um certo complexo de inferioridade, a guerra, o fogo, a violência, a truculência, o tiro e a bala são os principais recursos da diplomacia israelense, que aparentemente não cultiva muito gosto em cultivar a ‘amizade entre os Povos’.
Agora, por exemplo, na investida dita contra o Hamas na Faixa de Gaza, aparentemente sem saber a hora de parar e [sem saber] dosar o uso da força, o governo de Benjamim Netanyahu está ultrapassando todos os limites da razoabilidade e convertendo aquela prisão a céu aberto (é assim que Gaza é conhecida) num cemitério fumegante.
Aliás, como demonstram as manifestações populares em todo o Planeta (inclusive em Tel Aviv), a intensidade e a crueldade dos ataques das Forças de Defesa de Israel (FDI) contra a população palestina indefesa que – privada de água, alimentos, medicamentos e energia – se amontoa na Faixa de Gaza (o número de palestinos trucidados pelas bombas israelenses passa dos 6.500) estão convertendo o apoio a Israel inicialmente despertado pelos ataques perpetrados pelo Hamas em 07 de outubro de 2023 em solidariedade ao Povo palestino e condenação ao governo de Benjamim Netanyahu.
Por estes dias, horrorizados com a insensibilidade do governo de Israel, até chefes de Estado (cuja posição lhes recomenda parcimônia no falar) têm condenado a política de terra arrasada levada adiante pelas FDI na Faixa de Gaza.
Ontem, por exemplo, verbalizando o sentimento de grande parte da Humanidade, ao falar na reunião do Conselho de Segurança da ONU, em Nova York, o secretário-geral Antônio Guterres explicou que os ataques do Hamas “não se produziram em um vazio [pois] O povo palestino está submetido há 56 anos a uma ocupação sufocante e tem visto sua terra devorada pouco a pouco por assentamentos” e que não justificam o castigo coletivo que Israel está impondo à população da Faixa de Gaza.
O secretário-geral da ONU não disse qualquer inverdade, mas, de pronto, suscitou grande reação da diplomacia de guerra do governo de Benjamim Netanyahu.
De imediato, lembrando os ataques do Hamas do dia 07 de outubro, depois de recorrer a tese do ‘legítimo direito à defesa’ e desqualificar o secretário-geral (Em que mundo você vive? Sem dúvida, esse não é o nosso mundo”, perguntou, insinuando alguma insanidade de Antônio Guterres), o ministro das Relações Exteriores de Israel Eli Cohen deixou muito claro o tipo de diplomacia que o governo Netanyahu está reservando para o caso: “A resposta proporcional ao massacre de 7 de outubro é a destruição total de todos e cada um dos membros do Hamas”.
Pouco depois, disparando mais alguns petardos da diplomacia israelense, em nota distribuída às redes sociais, o embaixador de Israel na ONU Gilad Erdan pediu a renúncia de Antônio Guterres, pois, no entender do governo de Netanyahu, “não há qualquer justificação ou sentido em falar com aqueles que demonstram compaixão pelas mais terríveis atrocidades cometidas contra os cidadãos de Israel e o povo judeu”.
O posicionamento da diplomacia israelense deixa claro a impossibilidade de qualquer mediação para impedir o massacre em curso, pois, pelo visto, a única paz que interessa ao governo de Benjamim Netanyahu é a Paz dos Cemitérios”.
Esta vai ser uma guerra longa…
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br