A história recente vem provando que, mesmo fora dos campos da ficção artística e da publicidade, aquilo que chamamos de ‘verdade’ não obedece a critérios absolutos, passando por ótica dependente da opinião, da forma de ver o mundo e, sobretudo, do interesse de quem a conta (de quem estabelece a ‘verdade’).
E, ao final, prevalece a ‘narrativa’ – o relato que faz as vezes de ‘verdade’, cumprindo papel decisivo no processo de formação da opinião pública para guiar as massas ignaras.
Esta questão é tão importante que, em 2016, no governo de Barak Obama, os Estados Unidos criaram um órgão – o Centro de Engajamento Global (GEC) – para certificar a ‘verdade’ que interessa à Casa Branca.
Pode parece coisa de teoria da conspiração, mas este tal GEC engajou 120 especialistas cuja função era reinterpretar fatos, ocorridos especialmente na América Latina, na Moldávia e na África, ajustando-os aos interesses dos Estados Unidos, lançando mão, em faina que nunca relutou em lançar mão de mentiras (usadas largamente sob a chancela genérica de ‘matéria-prima de campanha de desinformação’).
Embora tivesse suas atividades mantidas sob a rubrica de ‘ultrassecreto’, veio a público as operações do GEC para ‘suavizar’ o desastre social do programas de saúde financiado pelos EUA em países africanos e, mais recentemente, a abertura de uma filial em Varsóvia, em junho do ano passado, com o propósito de criar a ‘versão oficial’ da guerra no Leste Europeu.
Pois bem.
Nesta antevéspera de Natal, 23 de dezembro de 2024, acolhendo pressões de Elon Musk (personalidade que integrará a administração de Donald Trump em posição de destaque), o Departamento de Relações Exteriores dos Estados Unidos anunciou a extinção do GEC.
Alguém poderia até pensar que a medida vai contribuir para a isenção da verdade das narrativas criadas pela Casa Branca.
Não é bem assim.
Na realidade, a extinção do GEC significa apenas que o processo de certificação da verdade oficial mudou de mãos, passando a ser controlado por Elon Musk e sua turma.
De qualquer forma, a verdade continuará a ser escamoteada e, com ligeiras mudanças, as bolhas de desinformação continuarão as mesmas.
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