Outro dia, num laivo de perspicácia, diante do montão de ilegalidades, imoralidades e ilegitimidades cometidas por Jair Bolsonaro, a jornalista Natuza Nery disse “A legislação do Brasil não está preparada para Jair Bolsonaro’.
Ela tinha razão, pois, por mais severa e ampla que possa ser a hermenêutica, a lei brasileira não consegue alcançar a grande maioria das pataquadas de Bolsonaro.
Ninguém poderia imaginar que alguém tão tosco e despreparado (inclusive moralmente) pudesse chegar ao cargo mais importante da república.
Foram quatro anos de desvios e, agora, a cada dia vem à tona novas informações sobre desmandos, falcatruas e tudo o mais.
Naturalmente, embora muitos dos seus feitos passem ao largo do rigor da lei, muita coisa pode e vem sendo enquadrada. Daí, a enxurrada de inquéritos e indiciamentos (só falta a prisão) de Bolsonaro.
Outro dia, foi o seu indiciamento no caso das joias sauditas (contrabando, prevaricação, roubo, formação de quadrilha, etc.).
Agora são detalhes do inquérito que investigou a chamada ‘ABIN paralela’ – esquema que usava a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar jornalistas, autoridades e desafetos de Bolsonaro na gestão de Alexandre Ramagem (então diretor-geral da Agência).
No curso da 4ª fase das investigações, a Polícia Federal (PF) descobriu conexões de alguns dos envolvidos com outras falcatruas, inclusive com a ‘minuta do golpe’ – rascunho de um decreto golpista encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres.
Na operação de hoje, a PF prendeu o policial federal Marcelo Araujo Bormevet (cedido na gestão Bolsonaro à Abin e à Presidência da República), [prendeu] o militar do Exército Giancarlo Gomes Rodrigues (que estava na ABIN nos tempos de Bolsonaro) e outros dos assessores de Bolsonaro.
É pura lama!
A PF descobriu até o áudio de uma reunião na qual Jair Bolsonaro e Alexandre Ramagem combinaram como blindar Flávio, o filho 01, dos auditores fiscais que o investigavam pela prática de ‘rachadinhas’.
O lodaçal não para por aí, mas o mais interessante é que, embora estejam com um pé no cadafalso, os bolsonaristas agem com se nada estivesse acontecendo. Ramagem, por exemplo, mantem sua candidatura à prefeitura do Rio de Janeiro.
Independentemente da irresponsabilidade moral que marca aquela turma, o País se pergunta quando Bolsonaro será preso?
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