‘Governar é administrar pressões’.
Esta frase – já atribuída a muitos, inclusive ao ex-presidente norte-americano JFK – em parte, revela uma das principais dificuldades vividas pelos governantes, pois, eventualmente na contramão dos programas partidários e das propostas eleitorais, no cursos de lobbyes de naturezas as mais distintas, ‘todos querem puxar a brasa para sua própria sardinha’.
Com efeito, a ação dos lobistas, que costuma iniciar ainda por ocasião da formulação dos programas eleitorais, ganha impulso após a eleição, quando, instituindo aquilo que poderia se chamar de ‘terceiro turno’, [os lobistas] tentam moldar o programa, introduzir projetos no plano de governo e, mesmo, influenciar na composição das equipes.
Naquele momento, então, aproveitando o período no qual os eleitos detalham os projetos a serem adotados, todos avançam contribuições e exigências.
A movimentação é geral: o comércio, a indústria, os setores financeiros e de serviços, os sindicatos, enfim todos têm alguma ‘contribuição’ a apresentar.
Esta fase, diga-se de passagem, pode ao longo do tempo alterar o formato original, mas nunca acaba completamente.
Assim, no embalo das pressões e contrapressões, os governos exercem a administração.
A compreensão do grande jogo das forças lobistas se resume a poucos lances, pois todas querem ser brindadas com benefícios (sempre mais beneficios) e [querem] ser dispensadas dos custos associados à sua oferta.
Assim, para incorporar a influência dos lobbies, a análise dos projetos de governo passa pela pergunta sobre quem arca com os seus custos [dos projetos] e sobre quem deles se beneficia.
Vale a observação de que, no emaranhado das permanentes pressões e contrapressões sobre o governo, se destacam as [pressões e contrapressões] exercidas pelas elites, especialmente aquelas [elites] que representam o poder econômico.
De modo geral, sob um manto de desinformação, as elites estão sempre empenhadas em eximir-se dos custos das ações de governo, transferindo-os para as classes médias e pobres e, ao mesmo tempo, fazê-las [aquelas classes] custear ações que as beneficie.
Agora, por exemplo, insatisfeitas com o dinheiro que já ganham, depois de espalhar a necessidade de reajustes no orçamento, sem qualquer referência aos subsídios gozados por elas próprias, as elites estão exigindo que o governo reduza as verbas destinadas aos serviços públicos, inclusive à saúde, educação e assistência social.
Não há comprovação da necessidade de corte nas verbas orçamentárias, mas, se houver, por que os cortes devem penalizar as classes mais frágeis?
Uma regra milenar afirma que, se pretende promover justiça social e tiver de tomar partido, o governo deve optar pelos mais fracos, justamente aqueles que têm menor capacidade de influenciar o jogo das pressões exercidas pelos lobistas.
Que os ricos paguem as contas, porque os pobres não merecem a tarefa de sustenta-los.
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