Em tempos marcados pelo ‘Modo Donald Trump de liberdade de expressão’ (também conhecido como ‘liberdade para inventar mentiras’ ou ‘liberdade para criar narrativas capazes de modular a realidade’), as BigTecks saíram na frente e, cada uma ao seu modo, tenta galgar os patamares mais elevados na galeria da desinformação.
Neste campo não tem santo e todas [as BigTechs] se esmeram em fazer uso do salvo-conduto decorrente da posse de Donald Trump. Como se estivessem numa espécie de Guerra Santa (situação na qual tudo é permitido, pois os pecados são previamente perdoados), as BigTechs agem sem freios e sem limites.
Por estes dias, por exemplo, depois de ‘modificar’ a geografia mundial, passando a chamar o ‘Golfo do México’ de ‘Golfo da América’ (conforme inventou Donald Trump), o Google cismou de alterar a disposição e a dinâmica das placas tectônicas e, simplesmente, anunciou a ocorrência de terremoto na costa de São Paulo.
Embora para alguns isto possa parecer engraçado, além de irresponsabilidade empresarial, a exemplo do boato ‘Tapacurá estourou’, a fakenews dos Terremotos do Google se insere no vasto campo do terrorismo psico-social e como tal deve ser tratado.
Para quem não se atentou ao acontecido, por volta das 2h20 da 6ª feira, dia 14 de fevereiro de 2025, em atitude nitidamente terrorista, o Google disparou um alerta de terremoto com magnitude de até 5,5, com epicentro no oceano a 55 km de Ubatuba, para todos os usuários de celulares Android em São Paulo e no Rio de Janeiro,
Evidentemente, não havia qualquer terremoto em curso e, como se não tivesse qualquer responsabilidade sobre o fato, à guisa de reparação, o Google pediu desculpas e informou que desativara seu sistema de detecção de terremotos no Brasil.
E o Google tem um sistema de detecção de terremotos no Brasil? Que interessante…
Aliás, a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR) – que atua em parceria com o Serviço Geológico do Brasil (SGB) e, com mais de 90 estações sismológicas em diferentes pontos do País, é responsável pelo monitoramento da atividade sísmica em todo o território nacional – não integra qualquer sistema do Google.
Para alguns, na realidade, o gesto terrorista do Google teve o objetivo de testar a capacidade de reação do governo brasileiro diante de fakenews de grandes proporções.
Até agora, a resposta do governo foi pífia.
De fato, tendo constatado que o alerta terrorista foi encaminhado ‘sem passar pela Defesa Civil’, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) instaurou um mero processo administrativo para investigar o procedimento do Google e, de sua parte, a Defesa Civil de São Paulo limitou-se a declarar aquilo já sabido por todos: “Não houve nenhuma ocorrência registrada ou em atendimento pelas equipes das defesas civis municipais” e os órgãos que representam os geólogos brasileiros (Confea e FEBRAGEO) guardaram um estranho silêncio.
Pelo visto, apesar da gravidade do acontecido, a ficha não caiu e, sem consciência de que serviu de cobaia de um experimento social e indicando tolerância com grandes fakenews, os brasileiros não demonstraram reação compatível e, assim, permanecem sujeitos a novos ataques daquela natureza.
Não será surpresa se, animadas com a impunidade do Google, devidamente amparadas pela chance dos oportunos ‘pedidos de desculpas’, as BigTechs passarem a anunciar coisas como a quebra da Bolsa de Valores, a falência da Petrobrás, uma corrida dos clientes ao Banco do Brasil, a demissão coletiva do ministério, a decretação de moratória, a queda do avião presidencial ou a renúncia do Presidente Lula.
O Brasil não pode tolerar ataques terroristas como este perpetrado pelo Google sob pena de ficar desguarnecido diante das grandes lobas interessadas na desestabilização do país.
O bom senso recomenda rigor na punição ao Google.
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