Uma vez – diante da dificuldade de compreender o modo de ser de Jair Bolsonaro -, a jornalista Natuza Nery afirmou que ‘o Brasil não está preparado para Bolsonaro’.
Ela se referia a impotência da lei brasileira de conter Bolsonaro em limites minimamente civilizados. Ela tinha razão, pois, por não estar obrigado por leis específicas e sem a menor consciência da importância do cargo que exercia, Jair Bolsonaro (que nunca foi chegado a cumprir regras) se sentia livre para fazer tudo aquilo que lhe desse na telha.
Naturalmente, por se tratar de coisa óbvia aos civilizados – da mesma forma que a convenção de condomínio de um prédio não precisa prever punição para quem cospe na piscina ou quem faz xixi no elevador -, a legislação não precisa prever punições para a maior parte dos despautérios rasteiros cometidos regularmente.por Jair Bolsonaro. Infelizmente, refletindo a desconexão civilizatória que marca a extrema-direita, o modo Bolsonaro de ser criou moda e muitos dos seus seguidores passaram a agir de forma semelhante, como se não precisassem prestar conta dos seus atos.
Acontece que, mesmo sem alcançar a maioria dos desmandos daquela turma, a Lei brasileira prevê punição para parte dos seus crimes.
De fato, não é sem razão que muitos bolsonaristas, incluindo o próprio Jair Bolsonaro, estão acossados pela Justiça – seja na condição de investigado (caso de Bia Kcis por disseminar fakenews), seja na condição de indiciado (caso do general Augusto Heleno por tentativa de golpe de Estado), seja na condição de condenado (caso de Jorge Guaranho pelo assassinato de Marcelo Arruda).
Além do próprio Jair Bolsonaro (implicado em cerca de 600 processos), a relação de bolsonaristas fisgados pela lei é muito grande – Carla Zambelli, Índio, Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro, Ronaldo Caiado, Allan dos Santos, Paulo Figueiredo, Oswaldo Eustáquio, Roberto Jeferson, Braga Netto, Alexandre Ramagem, Almir Garnier, Anderson Torres, Felipe Martins, Mário Fernandes, Mauro Cid, Paulo Nogueira, Silvney Vasquez, Waldemar Costa Neto, Eduardo Pazzuelo, Major Cloroquina, Luciano Hung, Pablo Marçal e mais uma multidão de criminosos de todos os calibres.
Acontece que, em comportamento próprio daquele pessoal, sem (claro) citar as causas, a extrema-direita lançou uma campanha internacional de fakenews que, procurando associar o STF e o governo Lula ao autoritarismo e ao ‘comunismo’ (como fez com o governo de Nicolas Maduro, na Venezuela, de forma bem sucedida, diga-se de passagem), atribuir os seus problemas com a Justiça à ‘perseguição política’, em comportamento deliberado para desgastar a imagem do País e pavimentar o golpe que já deve estar tramando.
Não são coitadinhos ou vítimas de perseguição política. São criminosos e, como tal, devem ser tratados.
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