Neste mundo de Deus existe gente para tudo. Imagine que, mesmo tendo alternativas dignas, alguns se dispõem a matar por dinheiro.
Não me refiro aos pistoleiros ou aos chamados ‘matadores de aluguel’, que atuam no mercado varejista da morte. Me refiro àqueles que deixam o conforto das suas casas e, em troco de punhados de moedas, assumem a condição de mercenário e viajam para terras estranhas dispostos a puxar o gatilho e matar pessoas em grande escala, pouco ligando para o choro e para o sofrimento que espalham por aí.
‘Estou pronto para matar por dinheiro’. Este parece ser o lema dos mercenários, que agem como se sempre participassem de guerras santas, nas quais os pecados estivessem previamente perdoados.
Os mercenários, normalmente recrutados pelo mercadores da morte entre os veteranos de guerra e [entre] desajustados violentos de todas as naturezas, estão por toda parte. Onde houver morte, sangue, pranto e sofrimento, estarão mercenários à serviço desta ou daquela força, sempre dispostos a fazer o mal em troca de dinheiro.
Embora não tenham a exclusividade do recurso, a figura do mercenário é muito usada pelos EUA – que, talvez se imaginando irresponsável pelas malvadezas cometidas por outrem, terceirizam muitas ações militares, especialmente aquelas ocorridas em locais onde legalmente não podem estar ou que envolvam o assassinato de autoridades, os interrogatórios violentos, as torturas e outras atrocidades.
Atualmente, com salários diários que alcançam US$ 2.000, mercenários de todo o mundo integram a chamada Legião Internacional de Defesa Territorial da Ucrânia – uma força militar organizada e treinada com recursos transferidos pelos EUA. Naturalmente – explicando as grandes remunerações que auferem, a vida dos mercenários não se resume às aventuras macabras, às execuções, ao tiro mortal dos snipers -, a vidas destes matadores envolve muitos riscos e, diga-se de passagem, a morte de algum deles não é lamentada pelo patrão (que sempre pode recorrer ao mercado da morte para substituí-los por outros igualmente violentos e inescrupulosos).
Recentemente, sem qualquer referência ao número de assassinatos por eles cometidos, o noticiário informou a mortes dos mercenários brasileiros Thalita do Valle, Douglas Búrigo e André Luís Hack Bahi em confrontos com as tropas russas na Ucrânia. Poucos lamentaram estas mortes, nem mesmos seus patrões, os governos da Ucrânia ou dos EUA, que já providenciaram sua substituição por outros matadores.
Da nossa parte, desejo sinceramente que a terra lhes seja leve.