Pouco se lixando para aquilo escrito na Bíblia, cada líder cristão descreve o Cristo que melhor acomoda o discurso que faz para seus fiéis – seja para justificar seus próprios comportamentos políticos e seus desejos, seja para estimular a sua generosidade [generosidade dos fieis] quando da prestação dos dízimos.
De fato, a julgar pelo discurso dos padres católicos e dos pastores evangélicos, um ignorante não saberá se Jesus foi um homem justo, se foi um homem bom, se foi um homem pacífico e pacificador, se foi um homem violento, se foi um homem sábio, se foi tudo isto e muito mais (conforme a necessidade do momento). Já ouvi até alguém dizer que, se vivesse nos dias atuais, Jesus compraria uma arma (pois ‘bandido bom é bandido morto’).
Muito se diz a respeito de Jesus.
Cada um diz o que quer.
Uma coisa, no entanto, é certa: Jesus foi julgado, condenado e executado pela crucificação há dois mil anos, dando início ao Cristianismo, que, mais do que profeta, o diz Filho de Deus e, na interpretação que junta o Pai-Filho-Espirito Santo, o próprio Deus.
A história de Jesus não é muito conhecida e, da parte conhecida, sabe-se que ele foi vítima de uma grande injustiça, pois nada aponta ter ele cometido algum crime passível da pena de morte.
Na realidade, se fosse uma pessoa comum, dessas que passa a vida sem perturbar nada nem ninguém, Jesus teria morrido de velho é nada teríamos sabido dele, dos seus ensinamentos, das suas inquietações, das suas vontades e preocupações.
Mas, Jesus não era um qualquer.
Foi um líder popular, que insuflou o Povo a buscar justiça e melhorias, um Estado de vida similar ao Reino dos Céus (pleno de justiça e de bem-estar).
Foi o bastante.
Ali ele cavou sua própria sepultura, pois, ao falar no Reino dos Céus, quebrou uma hegemonia que, até então, os párocos e pastores julgavam pertencer apenas a eles.
Aliás, Jesus não foi processado por outra razão, senão pelo fato de dizer claramente que, para falar com Deus, as pessoas não dependem dos sacerdotes religiosos.
Este ensinamento feria de morte o costume que, creditando a hegemonia da interlocução com Deus aos sacerdotes, criava uma fonte irresistível aos sacerdotes – homens pomposos, que diziam falar com Ele em nome d’Ele.
E, assim, por iniciativa do sumo-sacerdote Caifás (uma espécie de Malafaia ou Macedo), Jesus foi acusado de ‘blasfêmia’.
Aí começou o tormento que o levou à crucificação no Gólgota. Jesus foi preso no Getsêmani após a refeição com os seguidores (a chama ‘Última Ceia com os apóstolos) e foi julgado pelo Sinédrio – a assembleia reunida no templo sob a liderança do sumo-sacerdote – que o condenou (pasme!) à morte.
Morte pelo simples fato de os pastores religiosos sentirem sua autoridade religiosa afrontada. Um absurdo!
A participação de Pôncio Pilatos no episódio só aconteceu porque a lei romana proibia que tribunais locais, das regiões ocupadas, de aplicar a pena capital, exigindo a confirmação do governador indicado por Roma.
O resto da história é conhecida, sendo objeto de relatos detalhados nos quatro evangelhos.
De qualquer forma, pode-se dizer com certeza que a morte terrena de Jesus decorreu a iniciativa dos sacerdotes, que o condenaram à morte em nome de Deus.
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