Desde 14 de março de 2018, o Brasil se pergunta sobre quem mandou matar Marielle Franco, uma destacada política da esquerda brasileira, que, na época do assassinato, exercia o mandato de vereadora no Rio de Janeiro, onde travava renhido combate às milícias cariocas em muitas áreas, inclusive na questão imobiliária, ambiência na qual lutava pela regularização fundiária da comunidade Novo Palmares, em Vargem Pequena, na Zona Oeste da cidade.
Se, de um lado, beneficiou interesses imediatos da família Bolsonaro e seu entorno (Marielle Franco era a candidata favorita ao senado na eleição vencida por Flávio Bolsonaro), o precoce desaparecimento de Marielle Franco produziu um ‘fantasma’ que a persegue (persegue a família Bolsonaro) desde então, causando-lhe problemas, inclusive a possibilidade de eventuais prisões.
Já nos primeiros meses, a investigação do rumoroso assassinato levou ao executante do crime – o ex-sargento e matador de aluguel Ronnie Lessa (preso preventivamente desde março de 2019), sintomaticamente vizinho de Jair Bolsonaro no luxuoso conjunto residencial ‘Vivendas da Barra’, na Barra da Tijuca e, segundo dizem, verdugo dos meliantes que anos antes o tinham assaltado e humilhado (o então deputado Jair Bolsonaro) – mas [a investigação] não teve forças para vencer os obstáculos e chegar ao mandante do assassinato.
Agora, já sem o espectro de Jair Bolsonaro na presidência da república, as investigações voltaram a andar e, nestes últimos dias, graças à delação premiada feita a Polícia Federal e ao Ministério Público do Rio de Janeiro pelo ex-policial militar Élcio de Queiroz, piloto do carro que conduziu o matador, [as investigações] ganharam um impulso extra e levaram a prisão de Maxwell Simões Correa – parceiro que, até outro dia, comprava o silêncio dos comparsas mediante o pagamento mensal de R$ 10 mil para cada um (não me perguntem de onde vinha tanto dinheiro, mas, segundo o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), entre 12 de março de 2019 e 13 de outubro de 2012, Maxwell Simões Correa recebeu R$ 569 mil e efetuou pagamentos no valor de R$ 567 mil).
Acontece que o dinheiro acabou e, junto com ele [com o dinheiro], acabou o silêncio dos parceiros e Élcio de Queiroz resolveu abrir o bico.
Até onde se sabe, a delação foi dada em duas partes – na primeira, parcialmente divulgada ao público, Élcio de Queiroz confirmou e detalhou a participação dele próprio e dos parteiros Ronnie Lessa e Maxwell Simões Correa no assassinato de Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Até aí, nada de novo.
A segunda parte, no entanto, é explosiva e, como depende da confirmação (ou não) de alguns álibis e reunião de algumas provas, ainda não produziu o grande cataclismo.
Vem coisa grande por aí e, provavelmente, vai atingir o Condomínio Vivendas da Barra, também conhecido como ‘a casa de seu Jair’, como um ‘Sarmat’ ogivado.
Tic-Tac-Tic-Tac.
Leia mais em
www.alexandresanttos.com.br
Conheça o Canal Arte Agora
www.youtube.com/c/ArteAgora