Ainda vai passar algum tempo até os brasileiros se recobrarem do sofrimento e da vergonha que lhes foram impostas pelo governo Bolsonaro.
Lembro a sensação de abandono vivido pelos desempregados, famintos, desabrigados e necessitados ao ver Bolsonaro passeando de jetski ou de motocicleta e, de pronto, saber que não tinham um governo ao qual recorrer.
Lembro da sensação de desamparo vivido pelas pessoas sujeitas ao coronavírus quando, ao invés de palavras de conforto e providências para superar a pandemia, viam Bolsonaro imitar a falta de ar e tripudiar dos mortos.
Lembro da vergonha que Bolsonaro nos fez passar quando falou por apenas seis minutos no Fórum de Davos ou quando pronunciou um discurso confuso e mentiroso na Assembleia Geral da ONU.
Percebo a decepção que muitos experimentaram ao saber da escolha (depois recuada) feita por Bolsonaro de um filho despreparado para assumir a embaixada do Brasil nos Estados Unidos, [a decepção] ao descobrir que seu presidente roubou móveis da residência oficial ou usou viagens ao Oriente Médio para contrabandear jóias recebidas como propina.
Decepção, vergonha, desilusão. Estes são alguns dos sentimentos que o nome Bolsonaro despertam nas pessoas.
Pois bem.
Por algum mecanismo de recall, estes sentimentos de repulsa e ojeriza se projetam na figura do presidente em exercício, afetando a imagem que as pessoas têm do ocupante do Palácio do Planalto e, portando, comprometendo o modo como elas enxergam especificamente o governo Lula.
E assim, apesar de Lula vir realizando excelente governo e sem ter tido tempo ainda para desfazer todas as maldades criadas e deixadas por Bolsonaro, pesquisa do DataFolha apurou que, contrastando com os 71% de opiniões favoráveis, ainda existem 29% que avaliam o governo Lula como ‘ruim’ ou ‘péssimo’.
É evidente que os descontentes opinaram sobre o governo Lula impulsionados pelos maus sentimentos despertados por Bolsonaro.
Ainda vai demorar algum tempo até os brasileiros se livrarem do espectro de Bolsonaro. Coisa ruim demora a passar.
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