Ontem, em aparição pública levada ao ar pelo canal Arte Agora, no YouTube, eu e o engenheiro Antônio Valdo de Alencar, respectivamente presidente e vice-presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco, comentamos o papel deletério na política e na economia da Operação LavaJato, que fora objeto de extensa reportagem apresentada pelo Jornal da Band na véspera. (https://youtu.be/4JI957LnlsQ).
Desde muito, em posição jamais oficializada por conta das polêmicas despertadas internamente pelo tema, a diretoria do Clube de Engenharia de Pernambuco sempre alertou para o caráter político e prejudicial da Operação LavaJato, a qual, sob a desculpa fácil de ‘combater a corrupção’, constituiu, não só destacado instrumento do aparato Lawfare montado para pavimentar a estrada ao golpe de 2016 e seus desdobramentos e renovação em 2018, mas, também, ferramenta básica do esforço lesa-pátria que debilitou a Petrobrás e destruiu a Engenharia pesada brasileira.
Com efeito, na ambiência política, em comportamento nitidamente faccioso (tornado claro pelas santas bisbilhotagens do hacker Walter Delgatti Neto descoberto na operação Spoofing), usando métodos medievais e francamente ilegais, agindo em conluio com o juiz Sérgio Moro, da 13ª vara criminal de Curitiba, capitaneados por Deltan Dallagnol, os procuradores da LavaJato produziram material que tornou possível o assassinato de reputações e a condenação de inocentes (inclusive Lula), instruindo o discurso golpista e justificando a consciência de muitos líderes e simpatizantes da destituição da presidente Dilma Rousseff e do processo de inelegibilidade do presidente Lula, que levaram à descrença popular na política e à ascensão da extrema direita no Brasil, com a eleição de Jair Bolsonaro.
Na economia, o estrago não foi menor. A operação LavaJato mirou o eixo motor da Engenharia brasileira e, agindo sob o comando do departamento de justiça dos EUA, atingiu em cheio a Petrobrás – a qual, entre outras estocadas, além de multas no valor de US$ 853 milhões pagos a empresas norte-americanas, foi forçada a fazer um (pasme) acordo de compensação com os sócios minoritários da Wall Street para ressarci-los de ‘prejuízos’ no valor de US$ 10 bilhões (uma espécie de capitalismo sem riscos) – e [mirou] as maiores empresas da Engenharia pesada do Brasil, provocando o fechamento de muitas delas e o desemprego de mais de 1.300.000 profissionais da engenharia.
Aliás, em prova inequívoca do desastre representado pela Operação LavaJato, contrastando com os R$ 6 bilhões por ela recuperados dos corruptos, [a Operação LavaJato] deixou prejuízos à economia brasileira da ordem de R$ 153 bilhões, com a supressão de mais de 4,4 milhões de empregos e o fechamento de milhares de empresas de todos os tamanhos.
Um vislumbre sobre as coisas que aconteceram na esteira da LavaJato, rememorando a escolha dos seus alvos (e o descarte de outros), atentando para a técnica de ‘aproveitar o combate ao carrapato para abater o boi’; [atentando para] o discurso anti-PT atualmente proferido pelos antigos líderes da Operação; [atentando para] a tentativa do procurador Deltan Dallagnol de assumir como seus os US$ 2,5 bilhões encaminhados pelos EUA e, também, para o escândalo das diárias pagas aos procuradores; [atentando para] o conluio imoral e ilegal revelado pela Operação Spoofing; [atentando para] a argumentação usada pelo STF para anular processos advindos da sua atuação e, finalmente, [atentando para] a movimentação política-eleitoral dos seus líderes, somos levados a corroborar nossas antigas desconfianças.
Embora tenha feito alguma coisa, o combate à corrupção nunca foi o objetivo principal da Operação LavaJato. Desde seus primeiros dias, a Operação LavaJato esteve empenhada num projeto associado à destruição da economia nacional e anulação dos avanços políticos e sociais do Povo brasileiro.
Que os crimes cometidos pela Operação LavaJato jamais sejam esquecidos pelo Povo brasileiro e que seus articuladores e agentes sejam responsabilizados pelos crimes Lesa-pátria cometidos em nome de um propósito importante como o combate à corrupção.