Um dos episódios mais marcantes do ano 2020 foi a célebre reunião ministerial de Jair Bolsonaro na qual, evocando a dedicação da mídia ao noticiário da pandemia de coronavírus, se referindo à possibilidade de fragilizar ainda mais a legislação ambiental, o então ministro Ricardo Salles propôs ‘abrir a porteira para a boiada passar’.
Na ocasião, para substanciar a proposta de avacalhar a fiscalização ambiental, Ricardo Salles se referiu a capacidade de as grandes notícias sufocarem aquelas de menor apelo ou exposição. É exatamente num destes momentos que a humanidade está agora.
Com efeito, o noticiário da guerra no Oriente Médio (marcado, diga-se de passagem, pelo escamoteamento da verdade sobre o genocídio perpetrado pela Forças de Defesa de Israel contra a indefesa população palestina amontoada na Faixa de Gaza) tem abafado e desviado o foco de outros assuntos também merecedores de atenção, sejam eles nacionais ou internacionais.
É o caso, por exemplo, da situação do Leste Europeu – onde o regime de Volodimir Zelenski vem acusando a Casa Branca de ‘abandonar’ a Ucrânia – e dos conflitos regionais na África – onde lideranças nacionais intensificaram a luta contra modernas formas de colonialismo, levadas adiante especialmente pela França e pelos Estados Unidos.
No cenário interno, a situação não é diferente, pois o noticiário não vem dando o destaque merecido a temas como, por exemplo, o contínuo avanço do combate aos golpistas, cujos julgamentos prosseguem no Supremo Tribunal Federal.
Embora, potencialmente, tenha capacidade para levar a Humanidade a uma nova guerra mundial, a carnificina dos palestinos pelo governo de Benjamim Netanyahu não é (e, se Deus quiser, nunca será) o único episódio em andamento na face da Terra.
A vida continua e dela faz parte a retomada da paz por toda a parte.
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