No estreito leque de bandeiras da Direita, está a defesa intransigente da propriedade privada, tese que é tomada como pedra angular do sistema político ideal e base para o funcionamento pleno da economia liberal.
Como contraponto, impactando especialmente os pequenos empresários, os conservadores e reacionários que a compõem acusam as Esquerdas de serem contra a propriedade privada, em campanhas cujo propósito é levar todos aqueles que são (ou que sonham em ser) proprietários a ficarem contra elas (contra as Esquerdas, as quais, genericamente, são chamadas de ‘comunistas’ – uma referência satanizada ao longo dos tempos para causar medo nos incultos e desinformados).
Nesta perspectiva, surgem as propagandas enganosas contra o MST (organização que, no dizer dos conservadores e reacionários mentirosos, pretende a invasão de fazendas) e contra o MTST – Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (organização liderada por Guilherme Boulos, que, no dizer dos conservadores e reacionários mentirosos, pretende a invasão de imóveis urbanos).
Na realidade, quem, de fato, ameaça a propriedade privada dos proprietários menores são os grandes proprietários, que, dando curso à sanha de ter mais e se possível [ter] tudo, costumam praticar o esbulho contra seus interesses [interesses dos proprietários menores].
Naturalmente, em função da sua grande capacidade de influenciar vontades e calar resistências, os grandes proprietários agem sob a proteção da mídia, do Estado e mesmo da Justiça, fazendo com que até muitos dos prejudicados concordem com a situação e lhes deem razão.
Por estes dias, por exemplo, sem que nenhum defensor da propriedade privada tenha erguido a voz para esboçar protesto ou resistência, ao validar uma lei de 1997 sobre o instrumento da alienação fiduciária de imóveis no Sistema de Financiamento Imobiliário, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que o próprio imóvel financiado é a garantia de pagamento do financiamento, podendo, em caso de inadimplência, ser tomado pelo banco sem passar pela Justiça.
Ao ver coisas como esta, lembro do assaltante que antes de argumentar que crime maior do que roubar um banco é abrir o banco, respondeu à pergunta do juíz se tinha assaltado o banco, com um: ‘Foi, meritíssimo, mas foi ele que começou”.
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