Desde a 2ª feira, dia 23 de maio de 2022, chove torrencialmente na região metropolitana do Recife, castigando as populações mais pobres com maior intensidade.
Como de outras vezes, os cursos d’água transbordaram, destruindo casas ribeirinhas, inundando ruas, imobilizando o trânsito, suspendendo serviços públicos, enfim, paralisando as cidades. Encostas escorregaram, levando consigo casas e vidas. O número de mortos provocados pela catástrofe pluvial ultrapassou as três dezenas.
Contidas por orçamentos enxutos, as autoridades municipais e estadual, repetem a receita de sempre e, embora usando remédios essenciais no momento, não fazem diferente daquilo feito em desastres anteriores, dando-nos a certeza de que (se não houver algo que altere a política habitacional, que reforce a capacidade de investimento das prefeituras e que amplie o poder das estruturas de defesa civil) coisa parecida voltará a acontecer em futuro próximo.
Desta vez, contrastando com a apatia e o desdém que o fez manter férias para passear de jetski quando a Bahia estava embaixo d’água e, provavelmente, empurrado por Lula (que, embora fora do poder, se apressou a divulgar nota prestando solidariedade e se colocando à disposição das autoridades para ajudar naquilo ao seu alcance), o presidente Jair Bolsonaro se manifestou. Embora tardiamente (só tratou do assunto no sábado, dia 28/06, depois da 33ª morte), Bolsonaro disse que, além de liberar a quantia irrisória de R$ 2,5 milhões, determinara a mobilização dos ministérios da Defesa e da Cidadania para socorro ao Recife. Ajuda pífia, tardia e, a julgar pelos efeitos concretos de ‘ajudas’ semelhantes prestadas a outras cidades, inócua.
Espero que, sabendo do caráter cíclico dos chamados fenômenos naturais extremos’, o futuro governo (que, se tudo ocorrer como esperado, não será conduzido por Bolsonaro) tome as providências óbvias, a começar pela retomada de um largo programa de habitação popular.