Não canso de dizer que o governo Bolsonaro foi o mais corrupto da história do Brasil e, ainda, que o antro-maior da corrupção localizou-se no programa de desestatização, comandado inicialmente por Salim Mattar (dono da Localiza) e sempre supervisionado por Paulo Guedes.
Dos grandes casos de corrupção, um dos mais emblemáticos foi a privatização da Eletrobrás – um conglomerado que, além da Cepel e da Eletropar, controla grande parte dos sistemas de geração e transmissão de energia elétrica do Brasil através das subsidiárias Eletrosul, Chesf, Eletronorte, Eletronuclear e Furnas.
O roubo foi muito grande.
Embora o ministro Vital do Rêgo do TCU tenha apurado que a Eletrobras valia R$ 130 bilhões, o governo Bolsonaro subavaliou o patrimônio líquido da empresa em R$ 73 bilhões (pouco mais da metade do valor real) e ‘valor de mercado’ por volta de R$ 53 bilhões. Como o caso ainda não foi investigado, não se sabe quem recebeu os presentes (como aqueles dados pelos árabes em troca do deságio de R$ 16 bilhões na venda da Refinaria Landulpho Alves – RLAM), o fato é que, pouco ligando para a importância estratégica da Eletrobrás, o governo Bolsonaro a privatizou por apenas R$ 29,29 bilhões.
Um escândalo!
Agravando ainda mais o quadro corrupto e lesa-pátria, o modelo de privatização concebido por Adolfo Sachsida (assessor de Paulo Guedes, indicado para o ministério das minas e energia no lugar de Bento Albuquerque, o almirante das joias) estabeleceu um estatuto que limitou o poder decisório do governo brasileiro (detentor de cerca de 40,3% das ações ordinárias) a apenas 10% dos votos na assembleia dos acionistas.
Outro escândalo!
Para completar, se decidir comprar ações para ampliar sua participação na empresa, conforme modelo pensado por Adolfo Sachsida, o governo brasileiro vai precisar pagar um valor maior do que aquele praticado no mercado. Quer mais? O controle acionário da Eletrobrás foi adquirido pela 3G Radar, um ‘pega-na-rua’, cujos sócios maiores são Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira. Exatamente. No embalo da corrupção que ambientou o programa de desestatização do governo Bolsonaro, a trinca responsável pelo estouro das Lojas Americanas assumiu o controle da Eletrobrás.
Além de importante para a recolocação do Brasil no caminho do crescimento econômico e do desenvolvimento social, a reestatização da Eletrobrás é essencial para fazer valer a mensagem de que ‘o crime não compensa’.