Em 25 de agosto de 1961, quando as forças armadas brasileiras comemoram o Dia do Soldado, aproveitando uma providencial viagem do vice-presidente João Goulart à China, Jânio Quadros apresentou seu pedido de renúncia.
Contando com a ojeriza dos militares ao comunismo, ele esperava que os generais se recusassem a aceitar a presença de um ‘comunista’ (que, na ocasião, sintomaticamente, visitava um país comunista) na presidência e exigisse a sua permanência [permanência de Jânio] no cargo.
Seria o auto-golpe perfeito: Jânio continuaria presidente sem a sombra de um vice inoportuno (pela legislação da época, presidente e vice-presidente eram eleitos em pleitos distintos e, estranhamente, João Goulart era o líder da oposição à Jânio Quadros).
Mas, as coisas não aconteceram como Jânio queria, pois, imediatamente, o Congresso Nacional aceitou a sua renúncia, declarando a vacância do cargo. De qualquer forma, mantendo o veto à presença de João Goulart na presidência, restou aos militares golpistas a opção intermediária que redundou na implantação do regime parlamentarista no Brasil.
Pois bem.
De certo modo, aquele episódio ocorrido em 1961 (que serviu de anúncio do golpe de 1964) inspirou bolsonaristas golpistas que, agora, aproveitando a viagem de Lula à China, sonharam em organizar o ‘retorno triunfal’ de Jair Bolsonaro.
Os bolsonaristas (que nunca estudaram história e sabem das coisas de forma muito superficial) perceberam algumas semelhanças – a viagem à China e o período (Goulart no entorno do Dia do Soldado e Lula no entorno do 31 de Março) – e pensaram assim: com Lula fora do País, Bolsonaro chegaria ao Brasil na véspera do 31 de Março, seria aclamado por uma multidão no aeroporto e estariam postas as condições para um novo Oito de Janeiro. Lembremos que a Turma do Capetão está programando manifestações para o dia 02 de abril.
Acontece que, por proibição médica em função da pneumonia leve que o acometeu, Lula precisou adiar a viagem à China, frustrando os planos dos golpistas.
Já estão dizendo nas bolhas bolsonaristas que o retorno do Capetão foi adiado por 72 horas… Todo cuidado com esta turma é pouco.
Nunca é demais lembrar que, enquanto estiverem soltos, os golpistas bolsonaristas estarão urdindo algum golpe para perturbar a retomada do crescimento econômico e do desenvolvimento social do País.