Depois de cunhada, com muita propriedade, por Euclides da Cunha em ‘Os Sertões’, a frase ‘O sertanejo é, antes de tudo, um forte’ vem ganhando corruptelas que a adaptam a outros povos igualmente indobráveis.
Por isso, não há qualquer desacerto em dizer que o nordestino ou o pernambucano são ‘antes de tudo, um forte’.
De fato, enfrentando muitas adversidades, incluindo preconceitos e descasos, os sertanejos, os pernambucanos e os nordestinos (de todos os Estados) vêm vencendo obstáculos e, para surpresa de muitos, alcançando excelentes desempenhos, especialmente nos quesitos renitência, resistência e sobrevivência.
Naturalmente, assim como ocorre em qualquer ambiente marcado por dificuldades, vivendo uma relação contraditória, que passa pela solidariedade, os Estados da região competem por investimentos e benesses federais.
Assim vem sendo, por exemplo, com o esforço para construção da ferrovia Transnordestina – um projeto, pensado originalmente ainda nos tempos de D. Pedro II, posteriormente alterado para ferrovia de 1.753 km, em bitola mista, ligando os portos de Pecém, no Ceará, e Suape, em Pernambuco, com extensão ao cerrado do Piauí, no município de Eliseu Martins, e futura conexão com a ferrovia Norte-Sul em Porto Franco, com a construção de mais 400k até a cidade de Estreito, no Maranhão -, [um projeto] no qual o Estado do Ceará recebeu a maior parte dos investimentos. De fato, contrariando discursos em contrário, o ramal em direção ao Porto de Pecen avançou, deixando o trecho que liga ao Porto de Suape em plano secundaríssimo.
Acontece que, tendo em vista as externalidades positivas advindas dos sistemas de transporte, o Estado de Pernambuco não pode abrir mão da ferrovia, inclusive porque, ao interligar-se com o Porto de Suape – cujo calado o habilita a navios de grande porte -, a Transnordestina pode elevar a competitividade da produção agrícola e mineral da região, atraindo parte da carga atualmente transportada por caminhões, produzindo, naturalmente, impactos positivos em várias cadeias produtivas.
Por isso e muito mais, a comunidade pernambucana exige o cumprimento das antigas promessas e cobra a conclusão da ferrovia. Infelizmente – apesar das reiteradas intenções anunciadas pelo governo e da revogação da medida cautelar que impedia aporte de recursos públicos federais nas obras [da Transnordestina] pelo Tribunal de Contas da União (TCU) -, lembrando promessas não honradas, o povo pernambucano duvida sinceramente se, de fato, o ramal ligando o Porto de Suape a Salgueiro será construído. Inversamente ao esmorecimento possível em outra gente, esta suspeita tem levado aqueles que são ‘antes de tudo, um forte’ a insistir na luta e propor ideias – a reestatização da ferrovia (tendo em vista o desinteresse demonstrado claramente pela TLSA) e sua entrega à estatal Infra SA; a adoção do sistema de venda de capacidade de carga e tantas outras ideias. Nos dias correntes, considerando que, além do grande potencial no transporte de grãos e minérios, o ramal Suape-Salgueiro poderá viabilizar o escoamento de combustíveis ao Sertão Nordestino, coletivo integrado por representantes do Clube de Engenharia de Pernambuco, Sindicato dos Engenheiros de Pernambuco, Sindicato dos Trabalhadores das Empresas Ferroviárias do Nordeste e Sindicato dos Petroleiros PE/PB imagina que o ingresso da Transpetro no esforço pode ser decisivo para viabilizar a retomada e conclusão do ramal desejado.
A hora é de união e de tenacidade, pois a conclusão do ramal Salgueiro-Suape da Transnordestina pode ser decisiva para a Economia do Estado de Pernambuco.
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