A mentira está entre as principais práticas da extrema-direita, que a usam como método de manipulação e de desorientação, sendo normal dizer pela manhã a coisa que será desmentida à tarde e reafirmada à noite.
Embora usual no dia-dia de Jair Bolsonaro e sua turma, por razões óbvias, esta prática não atingia a relação com a Justiça (onde preferiam guardar silêncio).
O TC Mauro Cid, no entanto, rompeu esta virgindade e levou a mentira a searas controladas pela Justiça.
Com efeito, ontem, em atitude que afronta as restrições a ele impostas no alvará de liberdade provisória, em conversa com a Revista Veja, além de ácidas criticas ao ministro Alexandre de Moraes e à Polícia Federal (PF), o TC Mauro Cid não se controlou e disse que o acordo de delação premiada firmado com o STF teria sido obtido mediante chantagem.
A mentira contada por Mauro Cid colocou em risco o acordo por ele firmado com o STF.
Aliás, provando que ‘com a Justiça e com a Polícia não se brinca’, a reação do Supremo Tribunal Federal (STF) foi imediata e, menos de 24 horas após a reportagem da revista, Mauro Cid foi convidado a prestar novo depoimento, no qual, embora desmentisse as palavras por ele ditas à revista e reafirmasse a lisura do acordo, recebeu voz de prisão, saindo diretamente para o xadrez.
Àqueles que pensam estarem comprometidas as denúncias feitas por Mauro Cid no acordo, vale lembrar que, ao contrário daquilo que havia nos tempos da dupla Moro-Dellagnol (para os quais bastava a palavra do delator), agora, o acordo só é firmado quando as denúncias são comprovadas.
Assim, mesmo que o acordo firmado com Mauro Cid seja desfeito, já existem provas das suas denúncias. Resumindo: além de confirmar a índole mentirosa da turma de Bolsonaro, a entrevista concedida por Mauro Cid à Veja não altera a condição de qualquer das suas denúncias e, consequentemente, a situação jurídica de qualquer dos denunciados.
Todos – a começar por Bolsonaro e pelo próprio Mauro Cid – vão passar longas temporadas longe das ruas.
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