O carro chamava muita atenção, não só porque era do último modelo da série top de linha da marca Mercedes, mas, especialmente porque [sendo o carrão que era] exibia um adesivo com os dizeres ‘Sou de esquerda’.
Quando entrou no bar, não deu outra.
Como costumava ocorrer com frequência em todos os lugares onde ia, atraiu olhares e logo surgiu um ‘provocador’, inicialmente com insinuações do tipo “este não é lugar para comunistas” e, depois, com questionamentos diretos.
“O que leva uma pessoa decente e honesta a ser esquerdista?”.
Já habituado àquele tipo de provocação, a resposta estava pronta, na ponta da língua. ‘Só o humanismo tem solução para os problemas da maioria das pessoas, especialmente daquelas mais pobres’ e, pedindo uma dose de wyskie importado, explicou que a maioria das pessoas gostaria de receber serviços públicos de qualidade – educação, saúde, previdência, segurança, lazer, transportes, etc. etc. etc. – e isto só é possível num regime socialista, onde o mercado não é considerado o ‘caminho para o céu’.
E continuou: “Como uma pessoa que precisa do SUS, que tenha filhos numa escola pública, que dependa de transporte público, enfim, que não pode contratar serviços privados para ter acesso a serviços que deveriam ser oferecidos gratuitamente pelo Estado, como uma pessoa desta pode não ser de esquerda? Se fossem inteligentes, todas as pessoas, especialmente as pobres, seriam de esquerda”.
Fez um silêncio logo quebrado por alguém que se achava mais esperto: ‘Isto, talvez, explique a opção política dos pobres e dos miseráveis…, mas, e você, Cara-pálida, que, a julgar pelo carrão, é rico? Como você explica a opção do rico-de-esquerda?’.
Não aconteceu o embaraço esperado pelo ‘provocador’, pois o esquerdista tinha resposta para tudo.
‘Aí, meu amigo, a explicação não está na necessidade. No fundo, o que diferencia as pessoas, justificando suas posições políticas, é a forma como elas veem o mundo: umas são egoistas e só têm olhos para seus próprios problemas, estas são ‘de direita’. Outras são marcadas pela solidariedade e se preocupam com o bem estar de todas. Estás são ‘de esquerda’. Simples, assim.”
E você? É egoísta ou cultiva a solidariedade?
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