Quando assumiu o governo, em 31 de agosto de 2016, junto com a presidência, o usurpador Michel Temer assumiu compromisso com a agenda liberal formulada pelos mentores e financiadores do golpe que destituiu Dilma Rousseff.
Em grande parte herdado da plataforma eleitoral apresentada por Aécio Neves e derrotada nas eleições de 2014, sob o nome de ‘Uma ponte para o futuro’, o programa de governo de Michel Temer teve o propósito de dar largos passos na construção do país dos sonhos dos liberais, entregando as riquezas do Brasil e gerando as facilidades desejadas pelo grande capital.
Como era muito extensa, alguns pontos da pauta não puderam ser cumpridas por Temer e ficaram para o governo que o sucedeu.
Foi o caso, por exemplo, da chamada ‘autonomia do Banco Central’, um projeto que coloca a autoridade monetária fora do alcance da administração, só concretizado em fevereiro de 2021, no governo de Jair Bolsonaro.
Nunca é demais comentar que tirar o Banco Central do alcance do governo significa entregá-lo [entregar o BC] aos banqueiros.
Ou alguém duvida disso?
Para se ter ideia da situação, um dos principais norteadores da ação do BC é o chamado ‘Boletim Focus’ – uma publicação com as expectativas do mercado financeiro com projeções para índices de preços, atividade econômica, câmbio e taxa Selic, entre outros indicadores.
Banco Central independente (ou autônomo, como os liberais preferem chamar) é o banco central dependente dos banqueiros, os quais, atentando exclusivamente para os seus próprios interesses, dão as cartas da política monetária do País.
Não é sem razão que o Brasil pratica as taxas de juros mais elevadas do Planeta.
Aliás, embora compreensível (pois o BC é presidido por Roberto Campos Neto, antigo executivo e homem-de-confiança do Banco Santander), não parece razoável a aplicação do rigor monetarista num país que pretende retomar o crescimento econômico e tem enorme dívida social a saldar com seu Povo.
Se quiser cumprir as promessas feitas em campanha, Lula precisa pensar em desbancar o liberalismo do Banco Central e assumir o controle da política monetária.