Como na maior dos aspectos da vida humana, a economia também é ambiência de significativa esquizofrenia.
De fato, ao tempo que tratam o ‘equilíbrio’ como peça fundamental da governabilidade dos países, os comentaristas políticos e econômicos não dão um pio (e chegam a torcer pelo desequilíbrio) quando o assunto se refere aos Estados Unidos.
Observe que, liberado pelos acordos de Bretton Woods (modificado unilateralmente por Richard Nixon, em 1972) e garantido pela sua força militar (e, claro, contando com o silêncio cúmplice do mundo capitalista), os Estados Unidos vêm praticando modelo econômico baseado no pleno desequilíbrio – fiscal, orçamentário e comercial, comprando mais do que vendem, gastando mais do que arrecadam, enfim sustentando um viço econômico artificial com base na emissão de títulos do tesouro sem qualquer lastro.
Só no período iniciado em 1960, o tal ‘teto da dívida’ estourou (e foi elevado pelo Capitólio) 78 vezes, das quais três ocorreram nos últimos seis meses).
Não estão de todo enganados os radicais que classificam o dólar como um ‘papel pintado pelo tesouro norte-americano’, insinuando a falta de lastro da moeda dos Estados Unidos.
Nos dias correntes, enfrentando mais uma das frequentes crises provocadas pelo desequilíbrio no qual vive os EUA – com a corda no pescoço, pois sabe que, se não houver nova emissão de dólares sem lastro, não haverá alternativa à Casa Branca se não parar o governo e decretar a moratória -, o presidente Joe Biden negocia com Kevin McCarthy, principal republicano no Congresso norte-americano, a elevação do teto da espantosa dívida do tesouro norte-americano, que já alcança impagáveis US$ 31,4 trilhões.
Assim, com a torcida de todos que contraditoriamente exigem o equilíbrio nos demais países, os Estados Unidos vão aprofundar o seu próprio desequilíbrio de modo a pagar dívidas, manter o governo funcionando e torrar mais ‘bilhões de dólares’ na guerra do Leste Europeu.
Quem gosta disso é a China, que costuma comprar a maioria dos títulos lançados pelo Tesouro dos Estados Unidos.
De qualquer forma, o mundo precisa estar alertado que vem mais dólares falsos por aí.
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