Com a suspensão dos projetos-estorvo, parecia que a vida no Recife tinha voltado ao normal e, na condição de cidade mais feliz e dinâmica em linha reta do mundo, poderia retomar sua jornada de crescimento rumo ao futuro.
Mas, qual nada. Bastou o prefeito João Campos se ausentar para curta temporada no exterior que surgiu um gestor néscio cujo objetivo parece ser a descaracterização da cidade dos recifenses.
De fato, conspirando contra a cidade, a legislação eleitoral colocou no posto maior do Palácio Capibaribe o presidente do Tribunal de Justiça de Pernambuco Ricardo Paes Barreto (a vice-prefeita Isabella de Roldão e o vereador-presidente da CMR Danilo Lima não puderam assumir o cargo, pois são candidatos às próximas eleições municipais) e aquilo que poderia significar um período de monotonia pela ausência do prefeito-dínamo que governa o Recife está criando numa desgraça de grandes proporções.
Aliás, ao contrário do bom senso que sempre demonstrou, ao sentar na cadeira do prefeito da cidade, o desembargador Ricardo Paes Barreto parece ter sido picado pela mosca azul e, sem o cuidado que os magistrados precisam ter, danou-se a fazer besteiras.
De imediato. agindo como o jovem Juiz que, ao chegar na comarca, em evidente crítica ao antecessor, trata de desengavetar processos para dar-lhes andamento – seguramente sem conhecer a importância histórica e urbanística do imóvel e talvez sem conhecer os descaminhos jurídicos criados pelo ex-juiz da 7ª Vara da Fazenda Pública da Capital, Luiz Gomes da Rocha Neto (que, diga-se de passagem, foi aposentado antes do tempo como punição pelas suas costumeiras traquinagens) -, com estardalhaço, o prefeito interino anunciou o leilão do Edifício Holiday, marco da arquitetura e urbanismo brasileiro, localizado no bairro de Boa Viagem, na zona sul da cidade.
Uma bobagem sem tamanho.
Será que, ouvindo apenas o poderoso e guloso mercado imobiliário, o prefeito-interino desconsiderou intencionalmente a opinião já manifestada pelo Conselho Regional de Engenharia e Agronomia, pela Associação Brasileira dos Engenheiros Civis e Universidade de Pernambuco?
O interino pode não saber (ou não querer ver), mas parece evidente que, ao manifestar desinteresse pelo leilão ilegal e imoral do Edifício Holiday, o prefeito João Campos (titular do cargo, conquistado pelo voto dos recifenses) deve ter tido boas razões.
Ao contrariar a decisão do prefeito titular com tanta sofreguidão, o néscio interino suscita todo tipo de suspeitas, inclusive aquela que, pela sua história de vida, Ricardo Paes Barreto não merece.
Talvez seja o caso de o prefeito-interino evitar de se lambuzar por ir muito rápido ao pote e ouvir a sociedade civil antes de levar adiante um leilão ilegal e imoral que, seguramente, vai ser alvo de todos os tipos de contestação.
De qualquer forma, em claro sinal de desconfiança no discernimento do interino, resta ao recifense gritar: ‘Volta, João, Volta rápido, pois querem macular a nossa cidade’.
(*) Ex-presidente do Clube de Engenharia de Pernambuco