Nos tempos do (des)governo do usurpador Michel Temer, o Brasil foi chocado com a celebração de um acordo mais-ou-menos escuso sobre a permissão de os Estados Unidos usarem a base de Alcântara, no Maranhão, a seu bel prazer para sei-lá-o-quê (na prática, de certa maneira, o acordo transferiu parte da soberania nacional sobre aquele pedaço estratégico do território brasileiro para os norte-americanos.
Pois bem.
Por estes dias, espocou a notícia exdrúxula de que um grupo empresarial chinês estaria comprando uma cidade brasileira brasileira para nela construir uma espécie de ‘Dubai tropical’ – uma história sem pé, nem cabeça, muito mal contada e cheia de inconsistências.
Um grupo chinês chamado ‘Brasil CRT’ (sobre o qual nunca ninguém ouviu falar) estaria comprando (isso mesmo: comprando) Mataraca – uma cidade paraibana com população de 8 345 habitantes e 174 km² de área territorial, localizada na região dos rios Mamanguape e Tinto, na fronteira com o Rio Grande do Norte, a 121 quilômetros do porto de Cabedelo – por cerca de R$ 9 trilhões com o intuito de transformá-la em uma ‘metrópole futurista’.
Veja quanta maluquice junta.
Para começar, desde quando alguém pode ‘vender’ uma cidade (naturalmente, desde que obedeçam as leis, um grupo empresarial pode ‘investir’ numa cidade, mas nunca ‘compra-la’).
Depois, o valor citado no noticiário sobre o negócio (R$ 9 trilhões) é tão grande que dificulta qualquer raciocínio lógico – significaria a aplicação de quase R$ 52 bilhões em cada quilômetro quadrado do município e quase R$ 1,1 bilhão por habitante de Mataraca.
Um negócio tão sem sentido que poucas pessoas acreditariam.
Mesmo assim, ao ler a maluquice em algum lugar, a promotora Ellen Veras Ximenes pediu explicações à Prefeitura de Mataraca, exigindo a documentação do negócio entabulado, incluindo relatório detalhado dos protocolos já firmados, intenções do promitente comprador e garantias legais oferecidas pelos chineses pela aquisição da cidade.
Sem ter como responder às indagações da procuradora, o prefeito Egberto Coutinho Madruga se manteve em silêncio e os chineses da ‘Brasil CRT’ desapareceram sem que ninguém tivesse visto pelo menos um deles.
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