A julgar pelas coisas que diz e faz, pela vontade de Donald Trump, o trânsito das cidades seria dominado pelas charretes, a meteorologia seria exercida por adivinhos e os tratamentos médicos seriam baseados nas sangrias e no uso das sanguessugas.
Aliás, a política interna e externa do governo Trump tem demonstrado repulsa ao intercâmbio cultural e científico, em processo nitidamente reacionário e que, sem dúvida, vai redundar em prejuízos ao desenvolvimento social, econômico, cultural, científico e tecnológico não só dos Estados Unidos, mas, também, do restante do planeta.
Com Donald Trump, o obscurantismo vem se instalando na Terra do Tio Sam em ritmo acelerado, desmoralizando valores sempre defendidos no âmbito do chamado America Way, inclusive a confiança na ciência e no Estado mínimo.
De fato, na perspectiva da guerra comercial, da hostilidade às populações imigrantes e das grosserias arrogantes associadas ao pensamento da Direita, o governo Trump vem afrontando todos os limites do bom senso e da convivência democrática. Imagine que, nos últimos dias, em comportamento gangster digno dos piores chantagistas, amparado na falsa acusação de conivência com o antissemitismo e [conivência] com posturas permissivas e decidido a impedir a admissão de professores e estudantes estrangeiros, o governo Trump anunciou que, se a Universidade de Harvard não se submeter a uma ‘supervisão’ [leia-se ‘submissão ideológica’], suspenderá a continuidade dos contratos através dos quais [o governo dos EUA] injeta cerca de US$ 100 milhões no seu orçamento anual.
Para mostrar que não está brincando, na 4ª feira, dia 28 de maio de 2025, o Departamento de Segurança Interna notificou a Universidade sobre a intenção de suspender a presença da instituição no programa federal de matrícula de estudantes estrangeiros.
Noutra frente, no âmbito da tresloucada guerra comercial que, unilateralmente, declarou contra o mundo, a administração Donald Trump resolveu fustigar a China nos campos comercial, científico e tecnológico com gestos de hostilidade gratuita, provocando naturais reações (como, por exemplo, a proibição da venda de minerais raros para os Estados Unidos).
Era isso o que o governo Trump queria, pois amparado nesta desculpa, elevou o nível de agressões e suspendeu a exportação de bens tecnológicos para a China (motores a jato, semicondutores, produtos químicos e maquinários, tecnologias, etc.)
Ao travar o intercâmbio cultural, científico e tecnológico – seja pelo ranço ao relacionamento dos artistas e cientistas, seja pela interrupção do comércio internacional -, o governo Trump está invertendo a direção do giro dos relógios, fazendo o mundo andar para trás.